‘Ainda espero por Justiça’, diz mãe de jovem morto com 12 tiros

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Naquele 23 junho de 2007, o médico Ricardo José Florêncio atendia no Hospital de Palmeira dos Índios. Recebeu um chamado: um jovem entrava no hospital em estado grave. Ao se aproximar, viu que era o próprio filho, Diego de Santana Florêncio.

O pai desmaiou. Diego havia sido atingido por doze tiros. Os acusados pelo crime são Antônio Garrote da Silva, Paulo José Teixeira Leite (Paulo do Cartório) e Juliano Ribeiro Balbino.

Antônio é filho de Ângela Garrote e irmão de Arlindo. Ângela é ex-prefeita de Estrela de Alagoas. O filho, Arlindo, assumiu este ano. Mãe e filho são acusados de formação de quadrilha e o desvio de quase R$ 1 milhão dos cofres da cidade. Ambos foram presos.

Antônio Garrote teve mais sorte. Passou alguns dias na prisão, após ser acusado no assassinato de Diego Florencio. E a influência dos Garrote é gigante em Palmeira dos Índios: pelo caso passaram três delegados e três promotores.

A mãe de Diego, Leoneide Florêncio, foi a única a ser punida. Além de perder o filho, teve mais dois parentes assassinatos em circunstâncias misteriosas.

Foi ainda processada pelos Garrote. Acusação: ameaça de morte.

“Ainda espero por justiça”, disse a mãe. O pai, Ricardo, fica em silêncio. Mas, as lágrimas nos olhos falam mais.

Os dois terão uma reunião nesta segunda-feira (27) com o vice-presidente do Tribunal de Justiça, Tutmés Airan. Os advogados dela querem que o julgamento seja em Maceió- não em Palmeira, a região dos acusados no crime.

A defesa alega que os Garrote instalaram o terror por causa do assassinato. Ameaçada ao sair da delegacia, um dia depois do crime, foi abordada por dois policiais. Pediram que ela mudasse o depoimento.

“O escrivão disse ao depoente e ao seu irmão que era melhor mudar o seu depoimento, pois poderia solocar o próprio depoente em risco acaso os apontados como suspeitos do crime tomassem conhecimento do seu depoimento”, disse o processo.

E o surpreendente aconteceu: o depoimento mudou mesmo.

Houve ainda testemunhas compradas pelos acusados no crime. E denunciadas por falso testemunho. E álibes forjados que “corrobariam o embuste”.

A dúvida sobre a imparcialidade dos jurados nem foi levada em conta pelo Judiciário de Palmeira, que marcou o julgamento para 30 de julho.

“O que queremos é que o julgamento aconteça sim, mas fora de Palmeira, para que seja feita Justiça”, resume a mãe de Diego.

Pedido de justiça que virou livro: “Amor Incondicional”, escrito pela mãe. O pai de Diego, Ricardo, não consegue ler as páginas assinadas pela mãe.

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