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Aécio e Téo Vilela captaram R$ 4 milhões em ‘esquema tradicional de propina’, diz delator

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Na delação premiada, sobre o esquema de pagamento de propina feito pela Petrobrás e descoberto na Operação Lava Jato, Sérgio Machado diz que, desde 1946, funciona no Brasil um “esquema tradicional” de propina:

– “Os empresários moldavam seus orçamentos com incorporação de ‘custo político'”.

Veja também: Vilela repudia delação de Sérgio Machado 

Custo político, explica o delator, é a porcentagem paga entre a empresa privada e o poder público “a ser destinado a propinas”.

De quanto é este percentual? 3% no nível federal, 5% a 10% no nível estadual, 10% a 30% no nível municipal.

Foi por este esquema que ele, Sérgio Machado (que era líder do PSDB no Senado), o então senador Teotonio Vilela Filho (era presidente nacional do PSDB) e o então deputado federal Aécio Neves procuravam empresas para obter R$ 4 milhões.

– “QUE o depoente, Teotônio Vilella e Aécio Neves fizeram esforço de captação de recursos, havendo obtido 4 milhões de reais junto a empresas; QUE este tema é objeto de anexo específico, sobre o qual o depoente ainda não prestou depoimento”

Para onde foi este dinheiro?

Diz Machado: para a eleição de candidatos à Câmara Federal:

– “QUE neste momento, o depoente, o Senador TEOTÔNIO VILELA, então presidente nacional do PSDB, e o Deputado AÉCIO NEVES definiram um plano de eleger a maior bancada federal”.

Como funcionou?

“Ajudar financeiramente” cerca de 50 deputados federais a se elegerem.

– “QUE para isso pedimos à campanha nacional do PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO recursos que pudessem ajudar as bancadas na CÂMARA e no senado”.

Foram captados “recursos suficientes para isso” e cada candidato ganharia entre R$ 100 mil e R$ 300 mil.

“QUE para conseguir esses recursos, além dos contatos com empresas que fariam as doações de recursos ilícitos, em espécie, procuraram como disse o apoio da campanha nacional na pessoa
do LUIS CARLOS MENDONÇA [ministro das Comunicações]”

Parte destes recursos vinha do exterior.

“QUE esses recursos ilicitos nos foram entregues em várias parcelas em espécie, por pessoas indicadas por ele. QUE a maior parcela dos cerca de R$7 milhões de reais arrecadados à época, foi destinada ao então DEPUTADO FEDERAL AÉCIO NEVES, que recebeu R$1 milhão de reais em dinheiro. QUE, com frequência, o DEPUTADO AÉCIO NEVES recebia esses valores através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística. QUE esse amigo era jovem, moreno e andava sempre com roupas casuais e uma mochila.

“QUE antes disso, a fonte dos recursos da mesma natureza era o ex MINISTRO DAS COMUNICAÇÔES SERGIO MOTTA que negociava com os candidatos a forma de apoio financeiro.

Por que?

Aécio queria disputar a Presidência da Câmara, mas o então presidente (estava indo para a reeleição), Fernando Henrique Cardoso, não apoiava a iniciativa. Temia que a base do Governo rachasse.

Daí, Téo Vilela, Aécio e Sérgio Machado fizeram “diversas reuniões” na casa de Machado, incluindo Arthur Virgilio. Objetivo: eleger Aécio para a Presidência da Câmara:

– QUE como o PSDB era a segunda maior bancada da CÂMARA FEDERAL e o regimento previa que quem indicaria o presidente seria a maior bancada, o PFL que já tinha a presidência do SENADO através do SENADOR ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES, queria eleger para a Câmara o Deputado Inocêncio Oliveira; QUE constatou-se que a única maneira de fazer frente a isso era fazer uma aliança com o PMDB no senado que nos daria o apoio na Câmara; QUE desta forma o PMDB assumiria a presidência do Senado Federal, na pessoa do Senador Jader Barbalho, e o PSDB a Presidência da Câmara com o Deputado AÉCIO NEVES; QUE com essa aliança acabou prevalecendo o entendimento do depoente, THEOTONIO e AÉCIO NEVES e AÉCIO foi eleito Presidente da Câmara Federal e o Senador JADER BARBALHO do Senado.

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