Repórter Nordeste

Acusados em crimes financiam campanhas em Alagoas

Acusados de formação de quadrilha, peculato, compra de votos e até assassinato resolveram gastar dinheiro no

Preso em operação da PF, Mano financia a própria campanha

mercado local: financiar campanhas a vereador ou prefeito em Alagoas. Alguns dos acusados até bancam a própria campanha, como é o caso do ex-governador Manoel Gomes de Barros (PSDB), que doou R$ 10 mil para si mesmo, na disputa à Prefeitura de União dos Palmares e mais R$ 1.757,5 para a campanha do vereador Bruno Leitão Praxedes (PSDB), também de União.

Mano foi preso durante os mandados de busca e apreensão, expedidos em 2007 durante a Operação Taturana. Na fazenda dele, os federais encontraram uma arma pertencente ao arsenal da Polícia Militar.

Em outubro de 2010, Mano foi indiciado por superfaturar as obras da Macrodrenagem, tocadas pela Construtora Gautama. As irregularidades pela PF durante a Operação Navalha, deflagrada em 2007 em Alagoas e outros Estados da Federação.

O ex-governador não é o único citado no inquérito da Taturana a ser doador de campanha. Irmão do vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Antônio Albuquerque (PT do B), Rafael Ribeiro de Albuquerque também abriu a carteira e bancou em R$ 5.100 a campanha do candidato a prefeito de Maravilha, Márcio Fidelson (PSC). O irmão de Albuquerque, segundo as investigações da Taturana, movimentou na folha de pagamento da Assembleia Legislativa exatos R$ 351.997,12 entre os anos de 2001 a 2005.

Além disso, ele consta como beneficiário de restituições do Imposto de Renda feitas de forma indevida, entre os anos de 2001 a 2006 totalizando R$ 20.854,96.

O irmão de Rafael, Antônio, foi mais longe: é acusado de chefiar a organização criminosa, na Assembleia, que desviou R$ 300 milhões dos cofres da Assembleia. AA sempre negou as acusações.
Rogério Farias: preso por comprar votos e doações para si mesmo

Rogério Farias: preso por comprar votos e doações para si mesmo

Preso de pijamas, em casa
O ex-prefeito Rogério Farias (PSD) resolveu ser candidato mais uma vez, na Barra de Santo Antônio. E não mede esforços na empreitada: R$ 8.200 doados a ele mesmo.

Em 2008, Rogério Farias foi preso, de pijamas, em casa, pela Polícia Federal na operação Voto Nulo, que investigou quadrilha acusada de falsificar votos. O esquema usava carteiras de identidade falsas, o que possibilitava que a mesma pessoa votasse mais de uma vez, com nome diferente. Parte desta quadrilha foi presa no dia das eleições, 5 de outubro, com 83 carteiras de identidade falsificadas.

Rogério era prefeito de Porto de Pedras. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato dele.

Rogério Farias divide a mesma lista de doadores de campanha que o presidente da Assembleia, deputado Fernando Toledo (PSDB)- eterno candidato a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas. Doou R$ 1 mil para a campanha da mulher, a ex-deputada Lucila Toledo (PSDB), que disputa a Prefeitura de Cajueiro.

No início de agosto, o juiz Geneir Carvalho, de Cajueiro, aceitou a recomendação do Ministério Público Estadual e condenou, por improbidade administrativa, Fernando Toledo, por fraudar dois processos licitatórios na prefeitura da cidade, em 2003.

Segundo o MP, Toledo fraudou licitação para a compra de produtos para a Prefeitura da cidade e na compra de um veículo, que pertencia ao filho do parlamentar. Fernando Toledo era prefeito da cidade. Condenado, ele deve devolver R$ 52.358,30, em valores corrigidos monetariamente; R$ 15.900,00 referentes ao veículo e R$ 36.458,30 pela compra irregular de mercadorias para a prefeitura de Cajueiro. Na decisão- que ainda cabe recurso- o magistrado quer ainda a perda do mandato de Toledo; perda dos direitos políticos por dez anos; proibição de contratar com o Poder Político durante o mesmo período; pagamento de multa no valor de duas vezes o dano provocado ao erário.

O presidente nega as acusações.

O delegado e a deputada

No mesmo parlamento, a deputada Flávia Cavalcante (PMDB) é presença raríssima nas sessões da Casa de Tavares Bastos. Mas, vai às ruas pedir votos ao marido, o delegado Kelmann Vieira (PMDB), candidato a vereador.

Flávia é generosa: doou R$ 9 mil para a campanha do marido. Filha do prefeito de São Luiz do Quitunde, Cícero Cavalcante (PMDB), Flávia foi indiciada em fevereiro de 2011, pela Polícia Federal, por comprar votos. O pai de Flávia foi preso na operação da PF porque, segundo as investigações, comprava votos para eleger a filha deputada.

Cícero Cavalcante é velho conhecido pelos federais. Em 2005 foi indiciado por fraudar licitações para a aquisição de merenda escolar, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Em fevereiro do ano passado, a Secretaria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU), em Alagoas, ordenou que ele devolvesse R$ 19,4 mil aos cofres públicos. O dinheiro, segundo aponta o TCU, foi desviado, através das empresas-fantasmas Metrópolis Comércio e Representações Ltda. e Comercial Paris Ltda.

Radicais

Há aqueles que cansaram da vida pública e lançam laranjas na campanha. É o caso do vereador Luiz Pedro da Silva, qu

Luiz Pedro lança mulher para se blindar de crimes

e desistiu de se lançar a vereador e escalou a mulher, Maria Aparecida Augusta da Silva (PRTB) para a disputa.

Luiz Pedro doou R$ 2.100 para a campanha dela, segundo consta na primeira prestação parcial de contas dos candidatos a prefeito e vereador.

O currículo do vereador é um tour pelo Código Penal. Foi indiciado em 2007 pela Polícia Federal nas investigações da Operação Taturana. Na lista, formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional.

Quarto vereador mais votado na última eleição, Luiz Pedro fez sua campanha da cadeia. Acusado de liderar grupo de extermínio na cidade, segundo a Justiça – baseando-se em investigações da Polícia Civil e referendadas pelo Ministério Público Estadual – Luiz Pedro da Silva matou o servente de pedreiro, Carlos Alberto, em 2004, sequestrado e fuziliado na capital. Pelo crime, Luiz Pedro, que era agente da Polícia Civil, foi preso e demitido do serviço público.

Único juiz na extensa lista de doadores de campanha, Jairo Xavier Costa aparece como doador da campanha do filho, Jairo Xavier da Costa Júnior (PT do B), que tenta mandato a vereador em São Sebastião- que já foi comarca chefiada pelo magistrado.

O juiz doou R$ 4.400.

Jairo Xavier quase foi aposentado compulsoriamente pelo Tribunal de Justiça, que revogou a própria decisão e aplicou apenas uma pena de censura. Ele era acusado de liberar a exploração de máquinas caça-níqueis em São Sebastião.

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