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A vergonha de um país que mata mulher indígena

Repudiamos cada ato infame que redunde em violência e morte, manchando ainda mais o chão desse país. Assim fazemos coro com a indignação que resulta dos atos covardes ocorridos na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, no Sul da Bahia.

Ruralistas e outras estruturas opressoras reuniram forças e usaram armas contra líderes dos povos originários, matando a bala Nega Pataxó – Maria de Fátima Muniz, irmã do Cacique Nailton Muniz Pataxó, que também foi baleado e passou por cirurgia.

Não há romantismo em ser assassinado, seja por qual causa for. Chega de aromatizar aquilo que só possui um  único cheiro: dor, opressão, crueldade histórica! E neste quesito os indígenas brasileiros acumulam perdas insuportáveis, do ponto de vista humanitário.

Denunciar políticas de morte precisa ser ponto sensível, levado a sério, combatido com enfrentamento legal, e para isso, urge que se concluam os processos de regularização fundiária.

Criar ministério como resposta midiática não basta para implantar uma política nacional que respeite o direito à vida de quem desde os primórdios das verdadeiras invasões tem sido visto como “incômodo” pelos colonizadores.

Nada trará de volta à matéria a liderança morta, mas cada morte deve mobilizar a indignação, a crítica, a luta por justiça, mesmo quando tudo isso parece irreal em uma sociedade que vende terreno no metaverso e tudo explica no tiktok, enquanto mantém os lucros sobre terras, corpos e energia humana produtiva na base do cotidiano sufocante, assassino e opressor, sob os olhares parcos da lei.

Quando duzentos ruralistas planejam uma tomada de terra à força e apenas dois são presos como suspeitos, nada mais precisa ser dito para que o imaginário popular logo conclua que “não vai dar em nada”.

Quando o Brasil vai tomar vergonha na cara?

Existe um lado do Brasil que segue nos envergonhando profundamente. Você imagina qual seja?

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