A tragédia e a farsa

Magno Francisco

O mundo dos mortos assombra o mundo dos vivos, diz o Marx, fazendo que a história se repita a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.

É bom lembrar que a morte pode até purificar a vida, promovendo a santidade e o esquecimento dos erros, a exemplo do que aconteceu com Vargas.

Essa fúnebre assombração assola o Brasil.

No campo da direita e da esquerda se desenterra mortos com a certeza que eles estão vivos.

Trata-se de uma atitude desesperada, decorrente de uma crise brutal no campo da política e da economia. Na realidade o apodrecido capitalismo é o próprio cemitério que pavimenta esse cenário para sugar o sangue dos vivos.

Assim, o fascismo é desenterrado, bem como se desenterra o seu falso antídoto, uma esquerda domesticada pelo capital.

O resultado disso: a vitória do neoliberalismo, seja com a face civilizada, seja com a face da barbárie.

Infelizmente pagaremos um alto preço para sepultar de maneira irreversível os nosso mortos, vai ser muito sofrível, mas é inevitável até para que se tenha vida vivida.

Sinceramente, tenho um certo receio da duração da elaboração desse luto, quando vier.

Por isso, uma tarefa revolucionária primordial é se preparar para oferecer a saída quando as ruas parecerem fechadas.

 

Magno Francisco, presidente da UP/AL

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