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A pobreza alagoana, onde a briga Calheiros x Caldas não alcança

Pessoas reviram os lixos dos hotéis de luxo atrás de restos de comida.

Pessoas defecando em sacolas e jogando na lagoa.

Pessoas com sede e bebendo água suja.

Estas cenas não são da Venezuela nem em Cuba ou Nicarágua. Acontecem Maceió, nas áreas à beira da Lagoa Mundaú. Um retrato do Brasil, onde nem a Terra é plana nem a crise é fake news.

Fatos são fatos.

Também é fato que os Calheiros e os Caldas brigam entre si para dominar Maceió, o maior colégio eleitoral de Alagoas, o maior PIB do Estado, o maior orçamento entre os 102 municípios.

Também é fato que, neste embate, são grandes as chances de os mais pobres permanecerem na pobreza. Ou os miseráveis nascerem e morrerem … na miséria.

Os Calheiros e os Caldas foram à Justiça pelo valor da outorga da BRK pago para explorar serviços da Casal. Uma água encanada que não vai alcançar a favela Muvuca, na beira da Lagoa Mundaú.

Enquanto este texto é escrito, o MST alagoano anuncia distribuição de 5 toneladas de alimentos e vigília em homenagem à memória de Jaelson Melquíades, assassinado há 16 anos em Atalaia.

Prioridades e diferenças não são palavras. Elas se baseiam em fatos.

É fato que há iniciativas tanto do Governo quanto da Prefeitura de Maceió para diminuírem a miséria, em programas como o Cria e o Bem.

Mas existe uma necessidade contingenciada, uma questão social que as brigas político-eleitorais não conseguem abraçar.

Porque o mundo real dói como a fome.

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