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A Marcha das Vadias e o seu Voto

Já posso afirmar que passei por algumas etapas da vida de militante, conquistando por isso, a legitimidade de fazer análises, considerando contextos, expressões e entrelinhas.

Hoje eu estive e curti bastante a proposta da Marcha das Vadias, contudo, vale registrar alguns detalhes que significam algo mais, para entender o nosso atual momento de proximidade eleitoral.

Inicio pela ausência dos rostos mais popularizados na luta feminista alagoana até a escassez de bandeiras partidárias, e sorrisos abertos de polítícos carismáticos. O que temiam? Não queriam correr o risco de desagradar os eleitores mais tradicionais e ortodoxos, misturando-se com um segmento ainda tão modesto, como o daqueles e daquelas que se autodenominavam “Vadias”?

A massa juvenil presente revelava que Maceió não está perdida de todo, na questão societal. A condução das lutas é que está arcaica, desinteressante; talvez, excessivamente voltada às leituras das cartilhas burguesas, com o intuito de acoplar interesses e negociar benefícios imediatos.

A soltura do corpo, do discurso e da representação, não chamou a atenção dos nossos políticos.

Afinal, a prática eleitoreira local, se desenvolve aplicando doses homeopáticas de soluções incompletas sobre a história dos vencidos. Isso gera os currais eleitorais e justifica os redutos espalhados nas periferias de Maceió.

Gritar em colorido, com o corpo nu e irreverente dos nossos jovens, que se adere à causa ampla das “Vadias”, principalmente na segunda capital em morte de mulheres no país, na terceira mais violenta do mundo, com largo espaço para a homofobia e toda a sorte de truculência, deveria ser considerada pauta importante, para os nossos representantes políticos.

Independente de sigla partidária, as causas gritantes e emergenciais convocam a todos e todas!

Que a marcha tenha nos revelado mais que os corpos bem geridos, as possibilidades de também gerirmos com apurada seletividade o nosso voto em outubro desse mesmo ano.

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