Escrever não é apenas um dom, é resultado do tempo que alguém investiu conosco, ajudando a dialogar com os signos.
Quase meio século escrevendo me fez íntima das linguagens.
Porém jamais deixaremos de aprender, e o turbilhão das convivências sempre nos trarão novos elementos. Eis que hoje passo muito tempo em análise das coisas que a escrita movimenta no pulsar da vida, seja na audácia da historiografia (território confiscado pelo poder) ou na singeleza da poesia.
Escrevendo sempre fiz muitos manifestos e desde sempre entendi que usar esta porta para passagem do ego seria fatal, e poderia tornar complexa e inútil a arte comunicacional.
Devotando escrita à vida, nunca reclamei do que ela me trouxe.
Pois a partir dela tantos estudos, encontros, descobertas e experiências vivi, vivo!
Viva a escrita autêntica, que não supõe o suborno e revela essência e entorno.
Esta é a hora da esperança, da bonança, do consolo. Pois as dores dos tempos envolvem as letras, e não haveria sentido em isolar as verdades das horas no intuito de ser lido, apenas. Escrever para afirmar presença e participação no mundo, sem barganhar liberdades, consciências e outras coisas que parecem ter perdido o valor mas são pilares da nossa evolução.
Na desafiadora tarefa de não acreditar nos carinhos do status quo a escrita vira asas.
Aproxima de banquetes e misérias, relaxa e enrijece, mas no final das contas nos pede apenas saber e entrar e sair das casas, levando apenas os princípios que nos constroem.
Escrever sem engodo é espalhar nutrientes, reforçar convicções de valores e eternos amores, mesmo além, mesmo quando a matéria dissipa as névoas e o não visto se torna mais sentido ainda.
Neste altar sem deuses a escrita é uma maravilhosa oferenda.
A você que carrega dores, que não verbaliza os horrores que os olhos te revelaram, que seja a escrita uma boca de lamentos e apontamentos, seja para ti um abraço de irmão reencontrado vivo.
A quem ama e distribui sorrisos seja esta escrita uma haste oculta de flor, na base dos encantamentos.
São momentos que a escrita resgata, sem sequestro do tempo. Para pintar belas paisagens intocáveis, eternizando nossa verve insistente, eis a escrita se eternizando nas gentes!
Como podem desejar prender quem escreve?
Como podem cometer tantos erros de interpretação?
Sem esta liberdade não haveria sequer uma letra e todas poesia entraria em extinção.
Uma resposta
A escrita, o ato de escrever é de fato encantador, libertário e libertador; é uma teia de Luz em meio a um mundo de trevas, maravilha e ilumina leitores e quem escreve!