A história do ex-vendedor de maracujá, preso por desviar R$ 300 mi em Alagoas

Terminou nesta quinta-feira (15) a história de sucesso e riqueza de Walmer Almeida da Silva, o ex-vendedor de maracujás do interior de Alagoas que conseguiu desviar, em cinco anos, R$ 300 milhões em sonegação de impostos, montando 20 empresas de fachada e se transformando em uma das maiores “lavanderias de dinheiro” no Estado.

A PF expediu quatro mandados de prisão, oito de condução coercitiva em quatro cidades de Alagoas e em Feira de Santana (Bahia). Além dele, foram presos a irmã, Vitória Zoolo e o contador.

As investigações e a prisão do empresário foram realizadas pela Polícia Federal, na Operação Abdalônimo. O nome faz referência a um homem muito pobre, que regava jardins, tornado rei graças a Alexandre, o Grande. O título fez Abdalônimo dever obediência a Alexandre, pelo resto da vida.

Walmer- segundo a PF- era um Abdalônimo moderno. Ele teve infância pobre no povoado Tapera (cidade de Anadia, 86 km de Maceió). Em dia de feira, vendia maracujá. Ganhou dinheiro e virou o “maracujá de ouro”- apelido que ostenta na cidade.

Nos últimos cinco anos, já acumulava concessionárias de carros, uma mansão no condomínio Aldebaran- residencial de luxo da elite alagoana- além de carros superesportivos (um deles uma Ferrari), um avião e um helicóptero.

-­ A Polícia Federal descobriu que o suspeito se utilizava de subterfúgios criminosos, tais como a falsificação de documentos, criação de empresas de faixada e a ocultação de bens, mediante a utilização de terceiras pessoas, ou “laranjas”. Os bens e as empresas eram registrados em nome de familiares do investigado e o esquema servia para sonegar os impostos devidos pelas empresas. Apurações preliminares apontam que as empresas do investigado teriam movimentado a quantia de 300 milhões de reais irregularmente nos últimos cinco anos, explicou o delegado Adriano Moreira Oliveira, sem dar detalhes nem confirmar nomes dos presos.

A fortuna foi conseguida pela sonegação de impostos. Mas, os federais- segundo apurou o Repórter Alagoas– sabem que o avião e o helicóptero eram usados por pelo menos dois senadores alagoanos e um desembargador do Tribunal de Justiça.

Walmer Almeida foi denunciado há dois anos, à Procuradoria Geral da República em Brasília, em um plano para matar o juiz Marcelo Lemos Tadeu, em que é citado um desembargador. O integrante do TJ de Alagoas era o mandante.

A morte de Marcelo Tadeu estava encomendada para o dia 3 de julho de 2009, às 19hs- uma sexta-feira- na avenida João Davino, em Maceió, um dos pontos mais movimentados da capital. A arma, uma pistola ponto 40, de uso exclusivo da policia, foi retirada do 59o Batalhão de Infantaria Militar- a sede do Exército alagoano. E a morte custaria R$ 20 mil.

Só que Marcelo Tadeu foi confundido com o advogado da empresa Qualitec- que prestava serviço para o Grupo Empresarial OAS- Nudson Harley Mares de Freitas. Ele morreu sob uma saraivada de tiros, disparados por dois motoqueiros. O caso nunca foi esclarecido pela Polícia Civil alagoana.

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