A história do alagoano que substituiu Chico Anysio, no rádio

"Eu vim para o Recife em 1951, para substituir Chico Anysio. Fui chamado porque ele ia para o Rio de Janeiro, estava apaixonado por Nancy Wanderley, mas tinha o contrato com a Rádio Clube de Pernambuco"
A  trajetória de Chico Anysio inclui um período no Recife, muito tempo  antes de passar pela cidade com espetáculos com Eu conto,  vocês cantam (em 2006 e 2010), no qual reunia música  e humor; Chico.Tom (2007), em que  dividia a apresentação com o também humorista cearense Tom Cavalcante;  e O fofo (2000), quando contracenou com Jeison  Wallace. Na década de 1950, Chico Anysio trabalhou na Rádio Clube de  Pernambuco. No Recife ele deixou, além de colegas de trabalho, amigos  com quem manteve contato mesmo após a mudança para o Rio de Janeiro.
Um  deles é o radialista e produtor Aldemar Paiva, que trabalhou na Rádio Jornal do Commercio e TV  Jornal do Commercio. “Eu vim para o Recife em  1951, para substituir Chico Anysio. Fui chamado porque ele ia para o Rio  de Janeiro, estava apaixonado por Nancy Wanderley, mas tinha o contrato  com a Rádio Clube de Pernambuco. Um amigo publicitário, José Renato,  disse: Olhe, tem um rapaz lá em Maceió, que fundou a Rádio Difusora de  Alagoas e tem condições de vir para cá no lugar de Chico Anysio, como  produtor e apresentador”, afirma Aldemar.
“Nós  ficamos amigos, um tempo, depois ele foi para o Rio de Janeiro e quis  me levar. Mas eu não quis ir, porque eu tinha uma noiva muito bonita lá  em Maceió (AL), com quem me casei”, continua Aldemar.
“Éramos bons  amigos, depois que ele foi para o Rio eu produzi e escrevi muita coisa  para ele. Participei de shows que ele fez na Lagoa. Fiz um poema  chamado Maria da Conceição, que ele declamava.  Fiz a história do personagem Homem da Granja, um texto interessante,  cheio de trocadilhos. Eu conto a história de um homem rico, que trocava  as palavras”, exemplifica o radialista.
O apresentador da TV Jornal do Commercio no fim da década de 1950 Luís Geraldo também trabalhou com Chico Anysio. “Conheci Chico nos anos  1960, quando tinha o programa de televisão Noite de black  tie. Ele veio inúmeras vezes para participar com seus  personagens e como showman que ele era. Durante todo este tempo  mantivemos estreita amizade, ele nunca vinha ao Recife sem que saíssemos  para comer o prato predileto dele, carne de sol”, lembra o  apresentador.
“Tive momentos muito lindos com Chico, na casa dele e  na minha. Foi uma das pessoas que na convivência mais me deram o prazer  da criatividade natural, que ele tinha. Certa vez fui com ele a Brasília  levar folhetos da Escolinha do professor  Raimundo. Nesta ocasião, tomava posse na Academia Marcos  Vilaça. Fomos para a posse com o deputado José Mendonça e, por estarmos  com ele, sentamos da ala dos deputados. Daí a pouco veio uma senhora  anotando o nome dos deputados e perguntou a Chico: ‘E o senhor?’. Ele  respondeu: ‘Eu sou Justo Verísimo’. Aí foi uma risadagem geral, todo  mundo voltou a atenção para ele”, afirma Luís.
Ator e diretor do  Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), Reinaldo Oliveira lembrou do  amigo e de sua contribuição para a cultura brasileira, destacando a  variedade dos personagens criados por Chico Anysio – foram 209. “Os  contatos que eu fiz com ele foram sempre muito bons. Não o conheci no  tempo em que ele trabalhava na Rádio Clube, mas depois que ele foi para o  Rio de Janeiro e teve a projeção que manteve até hoje. Foi depois disso  que nos conhecemos, sempre mantínhamos contato. Ele varou noites na  minha casa algumas vezes, com meu pai, minha mãe, fazíamos noitadas  maravilhosas. Ele era uma pessoa que sempre respeitou o teatro como uma  fonte do trabalho dele”, afirmou Reinaldo de Oliveira.

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