A fossa do Brasil estourou

Enio Lins- é jornalista

Há muitos anos, em Maceió, explodiu a fossa de um restaurante – uma ótima casa, por sinal.

Foi merda para todo lados, fezes apodrecidas no ar, voando junto com pedaços de cimento da tampa rompida pela pressão dos gases pútridos. Um desastre escatológico.

O estabelecimento quebrou por conta dessa erupção fecal.

Uma pena, era endereço de excelente qualidade, seja pela cozinha seja pela agenda cultural/musical. Mas quebrou irreversivelmente.

Quando assisti a tal reunião ministerial (como se grava aquilo?) fiquei convencido que a fossa do Brasil entrou em erupção mesmo.

A explosão primordial se deu com a eleição do atual presidente, em minha opinião, mas o falso Messias não pode ser responsabilizado isoladamente.

O esgoto veio à tona com dejetos acumulados em todas as camadas do País. A irrupção detonada com a eleição presidencial segue lançando fezes apodrecidas para todo lado e, com incrível frequência, novos estouros acontecem: ataques aos demais poderes, sucessivas manifestações de militares contra a Democracia, tentativas de maquiagem e ocultação dos números da pandemia, agressões crescentes ao STF, liberação de quantidades absurdas de munição para consumo privado, lobby escancarado para compra de armas para o Exército, atuação escancarada das milícias, MEC humilhado, Itamaraty desmoralizado, meio-ambiente ridicularizado, ciência vilipendiada, artes e cultura detonadas, o racismo potencializado, Economia sem rumo, confessada a intenção de interferência na Polícia Federal com objetivos pessoais e políticos…

A fossa do Brasil estourou, a podridão jorra com força.

 

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