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Silenciamento das mães que lutam

Ah essa inquietação que nunca cessa, apenas adormece, mas ainda desperta para empurrar um pouco mais a pesada porta que sempre se fecha!

A maternidade ferida não tem voz!

Entre as categorias que poderiam lhe abrir acolhida outras violências sobrepujam a pauta, e estou mais uma vez afirmando que a dor das mães vítimas de violência letal nos corpos dos filhos, não cabe na concepção de violência de gênero e precisa ganhar existência teórica também.

Todas as tentativas erguidas conseguiram no máximo um abraço solidário aqui e ali, sem firmar debate, sem abrir diálogo, sem merecer a luta ferrenha e desmedida de quem já perdeu, mas ainda resiste na salvaguarda do grito e da denúncia.

Os movimentos sociais por vezes tentam denunciar por nós, e são seletivos.  Não podem alcançar o tamanho da desdita a partir do ponto no qual se mantém, e isto é compreensível.

Nós mulheres-mães vítimas dessa violência que empobrece nossos lares no arrancar súbito da maternagem, nos tornando corpos adoecidos em esgares de solidão e angústia perene, somos representações das correntes mais pesadas com as quais o sistema desumano aprisiona mentes e devora almas.

Nós não somos pautas. Somos degredo.

Hoje desponta em mim esta rouca reflexão, e partilho com o teclado a ânsia de anunciar que a indignação ainda pulsa.

Mesmo tendo feito desta plataforma de solidão social uma base para alimentar a luta, por trás da escrita e da formalidade que aceita minha voz, grita a mãe não ouvida, que entre a direita e a esquerda nunca encontrou como tal a justa acolhida.

As mães em luto, lutam!

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