Oposição cubana denuncia prisão, antes de viagem do Papa

As autoridades e a imprensa cubana, sob controle estatal, não informaram as prisões, mas advertiram que não seriam tolerados atos políticos durante a visita do Papa, que terminará na quarta-feira

AFP

A oposição cubana denunciou neste domingo a prisão de ao menos 70 opositores em Santiago de Cuba (sudeste), incluindo 15 Damas de Branco, e a atribuiu a uma tentativa de impedir que protestem durante a visita do papa Bento XVI, que chegará à ilha na segunda-feira. Na região de Santiago de Cuba (sudeste), maior cidade cubana a receber a visita do Papa, “confirmamos, até o momento, ao menos 70 prisões nos últimos quatro dias, incluindo as 15 Damas de Branco”, disse a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional em comunicado.

As autoridades e a imprensa cubana, sob controle estatal, não informaram as prisões, mas advertiram que não seriam tolerados atos políticos durante a visita do Papa, que terminará na quarta-feira.

A Comissão, presidida pelo dissidente Elizardo Sánchez, afirmou que “o regime castrista aumentou suas ações repressivas e de intimidação contra dissidentes pacíficos, especialmente na província de Santiago de Cuba e outras regiões próximas à cidade”, à qual o Pontífice chegará a partir do México.

Por sua vez, o ex-preso político José Daniel Ferrer disse à AFP em Santiago de Cuba que as operações policiais no leste da ilha começaram “na terça-feira passada”, e desde então “são 54 opositores presos”. “O governo quer ter um controle total do ambiente em torno das missas (do Papa) e tenta evitar que ocorra qualquer ato de protesto opositor”, afirmou Ferrer.

Em Havana, cerca de 35 Damas de Branco participaram neste domingo ao meio-dia de sua habitual marcha pela Quinta Avenida do bairro Miramar, após participar de uma missa na paróquia de Santa Rita, que terminou pacificamente e foi seguida por uma centena de jornalistas estrangeiros.

Yelena Garcés, ativista das Damas de Branco em Santiago de Cuba, disse por telefone à AFP que neste domingo tentou ir a uma missa em Santuario del Cobre, mas foi advertida por um oficial de segurança que pediu que ela voltasse para casa. “Simplesmente não estão deixando a gente ir ao templo. Não haverá missa para nós neste fim de semana”, declarou Garcés, ao afirmar que “as mulheres que resistirem à advertência policial serão levadas à delegacia”.

No domingo passado, meia centena de Damas de Branco, incluindo sua líder Berta Soler, foi presa antes ou depois de participar de uma missa em Santa Rita, e libertada horas mais tarde. O governo qualifica os opositores de “mercenários a serviço do império”, como se referem aos Estados Unidos.

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