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Sociopatologia alagoana

 

Sequer posso alimentar a preocupação em ser repetitiva quando alerto meus conterrâneos alagoanos para o bordão sociopata que toma conta de nossa gente, diga-se imprensa, polícia, povo comum, ao referir-se ao extermínio juvenil em nosso estado: “envolvido com o tráfico!” Discussão encerrada.

Hoje a vítima tinha apenas 10 anos!

Insuportável conviver com esse clamor desvirtuado. Nossa polícia mal formada, nossas famílias mal alimentadas de cidadania. Ingrato é ligar a tv e assistir uma declaração assim com relação a um menino de 10 anos que foi assassinado por apedrejamento no centro da cidade de União dos Palmares.

Para qual idade, era ou tempo histórico regredimos? Nossa insensibilidade chega às raias do patológico. Desde que o governador encabeçou esse bordão ainda na campanha do segundo turno, chamando as vítimas de crime de “moçada da droga” que a turma do extermínio trabalha a todo vapor!

Indigna versão policial, iníqua realidade social, vergonhosa omissão a nossa!

No sábado de carnaval foi Gabriela, também de apenas 10 anos, vítima de bala perdida em Maceió, motivo: a droga! A sociedade aceita e cala.

Há droga pior do que o vício em corrupção, condenando milhares à fome, à desassistência, ao abandono integral?

Os corruptos são aplaudidos, defendidos, votados e eleitos. Enquanto isso matam as nossas crianças, adolescentes e jovens, e estamos coniventes com esse silêncio culposo, que nos caracteriza.

Voltei a sentir vergonha de ser alagoana.

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