No início da semana nos chegaram informações de Matriz de Camaragibe, entre o espanto e a barbaridade, dizendo que foram encontrados na chã da cidade, rumo à Porto Calvo, os corpos de quatro adolescentes, mais o acréscimo de um achado em decomposição!
Os comentários oscilavam entre a piedade e a justificativa, dizendo que eram todos envolvidos em assaltos e outros crimes na cidade. Ou seja, a morte era triste mas merecida.
Não objetivo aqui investigar a veracidade da informação, isso é função dos órgãos específicos, com essa atribuição paga pela sociedade. Aqui o meu objetivo é refletir na mensagem enviada para o coletivo através dessa “saída” para o incômodo que a violência provoca.
É perceber como essa proposta criminosa agrada o povo, convencido que está de que a insegurança que grassa nas ruas tem essa origem e pode ser solucionada dessa forma. Assim, a própria polícia truculenta encontra apoio nessas comunidades, que chega a pedir que pratique a tal “limpeza” de delinquentes juvenis.
Enquanto isso, o crime é fecundado nas esferas mágicas do poder! E as vítimas da ausência de políticas públicas; diga-se carentes de assistência social e outros direitos, são crucificadas pela opinião pública, até que a prática ocorra.
Matar jovens virou sensação em Alagoas! O mesmo estado que aclama mandantes e jagunços, condena á morte sua juventude. A mesma sociedade que convive submissa com toda a sorte de corrupção virou juíza a sentenciar a morte de seus meninos.
Quando vamos entender que os criminosos não andam a pé? Quando vamos tomar a coragem de não votar mais neles nem nos seus agregados? Quando vamos respeitar a dor das nossas conterrâneas mães de jovens pobres?
Matar os nossos jovens não solucionará a crise profunda que sufoca Alagoas, pois que a origem dessa tragédia passa pelas mãos mais veludosas e pelos sobrenomes mais destacados. As políticas da morte perpetuam-se na omissão e morosidade dos sistemas de segurança pública, envolva-se aqui, aspectos jurisdicionais.
Hoje é um pesadelo habitar uma das terras mais bonitas do Brasil, porque temos governos que lavaram as mãos como Pilatos enquanto por tudo de ruim que acontece responsabilizam o tráfico de drogas.
Lembremos que além do tráfico aqui também existe a fome, o analfabetismo, a mendicância de pão e trabalho, a ausência de sonhos e perspectivas; sim, aqui existe um cenário político social propício à proliferação de toda a sorte de miséria e nenhuma ação de combate aos efeitos dessa semeadura iníqua.
Sociedade conivente com o extermínio de jovens está perdendo os seus filhos. De certa forma, nos submetemos a isso, porque nossa coragem não foi suficiente ainda para enfrentar essa realidade política nefasta e dá a sentença definitiva aos verdadeiros criminosos
