Charles Ramsey conta que, na noite de segunda-feira, estava sentado em sua casa, cuidando da própria vida, ou melhor, saboreando um sanduíche do McDonald’s, quando, de repente, ouviu gritos vindos de uma casa vizinha.
Correndo para o jardim, Ramsey viu que alguém enlouquecidamente chutava a porta de uma casa de dois andares, localizada num tranquilo bairro de Cleveland, Ohio.
— Eu saí… com meu Big Mac… e perguntei: que raios está acontecendo? — contou Ramsey à imprensa.
— E a mulher disse: ‘Fui sequestrada. Estou nesta casa há muito tempo. Quero ir embora. Agora mesmo.
A mulher era Amanda Berry, 27 anos, que foi sequestrada há dez e cuja fuga audaciosa permitiu que a polícia descobrisse e libertasse outras duas mulheres, Gina DeJesus e Michele Knight, também sequestradas e dadas como desaparecidas há dez anos.
Berry só conseguiu fazer um buraco na porta do tamanho de sua mão, e foi Ramsey que conseguiu ajudá-la a sair da casa carregando uma menina pequena.
Com os vizinhos começando a se aglomerar, Berry levou a foragida para uma casa vizinha e ela conseguiu assim ligar para o 911, o telefone de emergência dos Estados Unidos.
— Me ajude — falou Berry, visivelmente nervosa. — Sou Amanda Berry. Fui sequestrada e estou desaparecida há dez anos, e estou aqui, estou livre agora.
— Certo — respondeu o operador do 911. — Fique aí com seus vizinhos e fale com a polícia quando ela chegar.
Ramsey também ligou para o 911 e contou a mesma história.
— Ela disse que se chama Linda Berry ou qualquer merda assim. Eu não sei quem ela é — afirmou.
— Ela é negra, branca ou hispânica? — perguntou o operador.
— É branca, mas o bebê dela parece hispânico.
— As pessoas que ela disse que fizeram isso, sabe dizer se estão na casa? — prosseguiu o operador.
— Não faço a menor ideia, cara — respondeu Ramsey.
Quando a polícia chegou, Berry revelou que outras duas mulheres — DeJesus e Knight — estavam dentro da casa.
Elas foram rapidamente resgatadas e os investigadores isolaram o imóvel para poder investigá-lo minuciosamente.
O dono da casa, um ex-motorista de ônibus escolar, Ariel Castro, 52 anos, foi preso — ironicamente lanchando também no McDonald’s vizinho —, assim como seus irmãos Pedro, 54, e Oneil, 50.
As três mulheres passaram a noite no hospital MetroHealth de Cleveland, onde o médico Gerald Maloney confirmou que estavam em boas condições apesar de seu suplício.
— Elas conseguiam falar, estavam bem, e a equipe do hospital está tratando de sus necessidades. Isso é bom. Esse tipo de história geralmente não tem esse final — comentou.
Em seu site de pessoas desaparecidas, o FBI, que oferecia uma recompensa de 25 mil dólares por uma informação que levasse a Berry, imediatamente trocou a condição para “resgatada”.
Enquanto isso, no YouTube, Ramsey tornou-se um herói e seu vídeo de entrevista virou viral.