Não basta aumentar rigor na Lei Seca, é preciso punir os motoristas bêbados


Correio Braziliense

O aumento no rigor da lei seca e da fiscalização sobre o condutor se mostra ineficiente para coibir tragédias provocadas por pessoas alcoolizadas que insistem em assumir o volante. O mau hábito persiste motivado pela sensação de impunidade gerada, em parte, pela cultura brasileira de desvalorização dos crimes de trânsito. Historicamente, eles são entendidos como fatalidades, mesmo no caso como o que tirou a vida de Janice dos Reis Bonfim, de 18 anos, no último domingo.

Desde que a lei seca entrou em vigor, em junho de 2008, 20 motoristas, em média, são flagrados alcoolizados diariamente no Distrito Federal. Professor de medicina legal da Universidade de Brasília (UnB), Malthus Galvão garante não haver dúvidas sobre os efeitos nocivos do álcool na aptidão para guiar um veículo. “O motorista perde a capacidade de julgamento”, sentencia (leia ilustração). De 2008 até março, a fiscalização aplicou 37.436 multas. Nesse período, 15.816 condutores acabaram punidos com a suspensão do direito de dirigir por um ano.

Ainda assim, é pouco, garante o especialista em segurança no trânsito e presidente do Instituto de Segurança de Trânsito (IST), David Duarte. “A fiscalização é ineficiente. Há três anos, o IST fez uma pesquisa na qual 120 mil pessoas admitiram dirigir depois de beber durante o fim de semana. Mas, no mesmo ano, em 365 dias, somente cerca de 10 mil foram flagradas embriagadas”, compara Duarte.

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