Uso exagerado de antibióticos preocupa CRM

O Conselho Regional de Medicina (CRM) na Paraíba está oferecendo aos médicos paraibanos um curso sobre o uso racional de antibióticos. Segundo o presidente do CRM de Alagoas, Fernando Pedrosa, os médicos receitam exageradamente antibióticos no Brasil e muitas bactérias estão se tornando resistentes a até quatro tipos de medicamentos, quando o ideal é que o paciente se cure na primeira medicação.

De acordo com Fernando Pedrosa, o número de bactérias resistentes aos antibióticos é muito superior aos tipos de medicamentos existentes atualmente. “Estamos perdendo a guerra para as bactérias. Por exemplo, atualmente, existem diversas bactérias hospitalares com alto grau de resistência, inclusive em Unidades de Terapias Intensivas Neonatais. Isso é consequência do uso indiscriminado de antibióticos. Tem que haver racionalidade na prescrição”, explicou. Ele completou ressaltando que o receituário de antibiótico tem que ser exclusivo prescrito por médicos, cirurgiões dentistas e veterinários, em caso de uso em animais.

Pedrosa ressaltou ainda que se medica antibióticos exageradamente e os próprios médicos não fazem uma prescrição precisa. “Para tratar até de uma gripe alguns médicos estão prescrevendo antibióticos, porém os vírus não sofrem ação com o uso desse tipo de medicamento. Sendo assim, ocorre uma seleção natural naquele hospedeiro e as bactérias se tornam resistentes”, contou.

O médico José Maria Constant, um dos organizadores do evento, completou ainda ressaltando o uso inadequado de antibióticos. “As vezes acontece do médico acertar o tipo do antibiótico, mas ele não calcula a dose e o tempo certo de uso”, afirmou. Ele completou explicando que após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), exigir o receituário para compra de antibióticos, a situação melhorou um pouco, pois foi criado um controle nas farmácias.

A médica Natália Lucena, de 25 anos, disse que em postos de saúde do Programa Saúde da Família (PSF) é comum os médicos receitarem antibióticos. “Na realidade dos PSF, as pessoas estão viciadas em sair com receitas de antibióticos, e isso tem q ser desmistificado. Os pacientes já chegam querendo esse tipo de medicamento, e em alguns casos nem é preciso o uso”, contou. Ela completou explicando que o curso serve também para saber quais os medicamentos modernos estão sendo utilizados para os tratamentos de doenças diversas.

Tuberculose

O presidente do CRM de Alagoas, Fernando Pedrosa citou como exemplo de doenças resistentes a antibióticos o caso da Tuberculose, que segundo ele, atualmente é um problema mundial e no Brasil 1,5% dos pacientes com a doença são multiresistentes, ou seja, tem resistência a mais de dois medicamentos. “Estamos tendo que utilizar até quatro drogas para tratar a doença. Na Índia, há casos onde as bactérias são resistentes a todos os tipos de antibióticos. Isso é um dado que apavora o mundo, pois se desaparecer a possibilidade de tratamento com esses antibióticos, o que será do futuro dessa doença? Voltaremos então ao começo do século passado, onde a doença era fatal. Por enquanto, ainda estamos tratando, nesses casos, com esquemas de medicações alternativos”, explicou.

As informações são do Correio da Paraíba

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