Cabelo ‘bombril’ em desfile do SPFW causa polêmica; estilista nega racismo

Correio da Bahia

Foto:Reprodução

Um desfile no São Paulo Fashion Week na terça-feira (19) causou muita polêmica e dividiu opiniões ao usar apliques de palha de aço cobrindo o cabelo de modelos brancas. O responsável pela beleza do desfile, o maquiador Marcos Costa, divulgou uma nota oficial nesta quarta-feira (20) pedindo desculpas e dizendo que não tinha intenção de discriminar ninguém. Já o estilista Ronaldo Fraga disse que sua vontade era justamente de criticar o racismo.

No seu Facebook, Costa publicou a nota. “Nunca foi minha intenção ou de Ronaldo Fraga ofender ou discriminar quem quer que seja. A ideia para o look do desfile era ressaltar a beleza de cabelos que podem ser moldados como esculturas, não importando o fato de serem crespos”, explicou.
Logo em seguida, foi Ronaldo Fraga quem divulgou um comunicado, por meio da página oficial de sua assessoria de imprensa no Facebook, negando que queria homenagear os negros, mas sim criticar o racismo.

“O meu desfile é uma crítica ao racismo e ao preconceito que respinga até os dias de hoje. Em nenhum momento falo em homenagem. Voltei para um tempo em que o futebol, o tema que escolhi para esta coleção, deixava de ser um esporte exclusivamente branco, de elite, para se ajoelhar diante da ginga, da dança que os negros emprestavam da capoeira pra driblar o time adversário. Tomei como objeto de pesquisa este esporte como formação de identidade, de costumes e da história brasileira. Procurei, como em outras coleções, fazer uma análise crítica e analítica sobre a influência e apropriação do futebol pelo brasileiro.”

A decisão de usar o “bombril” como cabelo foi criticada nas redes sociais. “Ronaldo Fraga fez uma ‘homenagem’ aos negros em um dos desfiles. Até aí ok, o problema é que eram brancos usando bombril na cabeça. (sério)”, publicou um internauta.

O ator Alexandre Nero, de “Salve Jorge”, defendeu o estilista. “Agora o gado acusa Ronaldo Fraga de racismo. Por causa de palha de aço eles ignoram o passado e a obra do cara. Ah, para que eu quero descer”, escreveu no Twitter.

Leia a nota de Marcos Costa na íntegra:
“Nunca foi minha intenção ou de Ronaldo Fraga ofender ou discriminar quem quer que seja. A ideia para o look do desfile era ressaltar a beleza de cabelos que podem ser moldados como esculturas, não importando o fato de serem crespos. Depois de testarmos alguns materiais, o Ronaldo Fraga sugeriu a palha de aço. Foi também uma forma de subverter um preconceito enraizado na cultura brasileira. Por que o negro tem de alisar seus fios? Eles são lindos!

Quem acompanha minha carreira, mesmo que seja apenas aqui pelo blog, pode se lembrar de vários ensaios com belíssimas mulheres negras – sejam modelos, famosas ou anônimas. Inclusive no meu livro “Eu Amo Maquiagem” (2006), são modelos negras que abrem e fecham a publicação, ocupando lugar de destaque que acredito ser coerente com a incrível miscigenação racial que há no nosso país.

No meu blog é possível ver algumas imagens, como a abaixo, que inspiraram o look. Sentimos muito que nossa intenção tenha sido interpretada de outra forma.”

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