Transferência de renda dobra em dez anos na PB

Apesar da Paraíba ser um dos dois estados do Nordeste que apresentaram uma leve melhoria no rendimento oriundo do trabalho na última década (0,44 ponto percentual), a taxa de transferência de renda no Estado, representada por programas como o Bolsa Família, mais do que dobrou no período que vai de 2001 a 2011. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), consolidados pelo Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) da UFC, Federal do Ceará.

A participação do trabalho como fonte de renda dos paraibanos subiu de 68,73% em 2001 para 69,17%, no ano passado. Ao lado apenas do Piauí, que variou de 66,13% para 69,64%, a Paraíba foi um dos únicos estados do Nordeste com elevação na variável na década, mesmo ainda permanecendo com o segundo pior índice da região. Já os programas de transferências passaram de 1,7%, em 2001, para 3,87%, em 2011.

A leve alta do trabalho é justificada por dois fatores básicos, de acordo com o economista e professor do LEP, Carlos Alberto Manso. “A partir de 2004, o Brasil inteiro entrou em um processo de ampliação dos postos de trabalho, coisa que também aconteceu na Paraíba. A valorização do salário mínimo nos últimos anos deve até ter tido uma maior influência nisso, por ter elevado o poder de compra da população mais pobre”, explicou Manso, que foi um dos autores do estudo.

Ainda que a pesquisa aponte uma alta no segmento, a Paraíba permanece à frente apenas de Alagoas na fatia referente ao rendimento fruto do trabalho. Com 67,91% em 2011, o Estado apresenta a pior média do Nordeste. “Todos os estados que possuem um índice inferior aos 70% são caracterizados pelo baixo desenvolvimento do setor industrial, que é o carro-chefe da economia. É uma questão estrutural, a Paraíba é muito deficitária nessa área, o que pode até acarretar um baixo crescimento também na área de serviços”, especulou o professor de economia da UFPB Lucas Milanez.

No Nordeste, a renda apresentou queda de 74,16% para 71,16% entre 2001 e 2011, enquanto os programas de transferências cresceram de 1,08% para 4,37%.

As informações são do Jornal da Paraíba

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