Mais um credor entra na Justiça por dívida com Grupo João Lyra

É cada vez mais difícil a situação financeira do Grupo João Lyra. Além de dois protestos, realizados esta semana na cidade de Teotônio Vilela por pagamento de salários atrasados na usina Guaxuma, mais um credor entrou na Justiça cobrando uma dívida superior a R$ 100 mil, por terras arrendadas e não pagas pelo dono do grupo, o deputado federal João Lyra (PTB).

Desta vez, o caso se refere ao dono de uma área na fazenda Paus Brancos, na região de Coruripe. A área pertence ao produtor Daniel Freitas de Omena.

Segundo a ação, que está no Tribunal de Justiça, a terra foi arrendada para o Grupo João Lyra até as safras 2021/2022. Mas, desde janeiro as parcelas do arrendamento não são pagas. Com os juros, a dívida está em R$ 101.890,95.

Segundo o produtor, “a área arrendada encontra-se em completo abandono, correndo risco iminente de invasões por movimentos ‘sem-terra’, além da possível perda da produção em virtude da crise financeira que assola as empresas do Grupo João Lyra, à qual a Agravante pertence”, diz a ação.

O produtor pediu a reintegração de posse da área e o arresto da cana de açúcar colhida para cobrir o débito.

O agravo de instrumento, assinado pelo desembargador Alcides Gusmão, foi negado porque o produtor não comprovou a dívida. Ele deve entrar com nova ação, provando o débito.

Dívida e falência

A 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas decretou há duas semanas a falência do Grupo João Lyra.

Segundo o desembargador convocado pelo TJ-AL Marcelo Lemos Tadeu, o grupo tem uma dívida de R$ 1,285 bilhão e a Câmara Cível decidiu que a falência seria a melhor forma de pagar o débito. Farão parte da massa falida do grupo João Lyra três usinas em Alagoas e duas Minas Gerais, uma empresa produtora de fertilizantes e adubos, a Adubos Jotaele; uma concessionária de automóveis, a empresa de táxi aéreo Lug e o hospital São Vicente de Paulo.

Os problemas nas empresas de Lyra passaram a evidenciarem-se em 2010, quando uma enchente arrasou a usina de Laginha. Trabalhadores deram início a uma série de protestos contra atrasos de salários, e a Justiça decretou a recuperação judicial das usinas. As manifestações culminaram este ano em ações mais fortes, incluindo bloqueio de rodovias e concentração de trabalhadores em frente à mansão do empresário.

Em nota, o deputado federal disse que não concorda com a decisão. “O departamento jurídico do grupo João Lyra tomará imediatamente as medidas cabíveis para reverter o posicionamento da 3ª Câmara Cível, por considerar que é equivocado e desprovido de qualquer sensibilidade social e econômica com as mais de 40 mil famílias que seriam atingidas pela convolação da recuperação judicial em falência o que, frise-se, não ocorrerá”, diz a nota.

O presidente do TJ, desembargador Sebastião Costa, suspendeu a falência do grupo.

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