João Lyra: um coronel em apuros

Tatiane Bautzer- IstoÉ Dinheiro

Aos 82 anos, o usineiro João Lyra, deputado federal ( PSD-AL) mais rico do Brasil, enfrenta um imbróglio jurídico para evitar perder o controle de seus negócios de açúcar e álcool. No final de setembro, a Justiça de Alagoas decretou a falência da Laginha Agro Industrial, que controla cinco usinas, três delas em seu Estado, e duas em Minas Gerais, e está em recuperação judicial desde 2009, em meio a dívidas de R$ 1,2 bilhão. Mas o batalhão de advogados do deputado conseguiu reverter a decisão, alegando parcialidade do juiz Marcelo Tadeu, que transformou a recuperação em falência.

O presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Sebastião Costa Filho, aceitou o argumento e, num plantão do tribunal em Maceió, suspendeu a falência. A falência foi requerida por um grupo de bancos liderado pelos franceses Calyon e Natixis e pelo Banco do Nordeste. As instituições alegaram que Lyra descumpriu pagamentos acertados no acordo de recuperação judicial, e preparavam-se para assumir o controle das usinas com a decretação da falência. Um dos advogados dos bancos, José Areias Bulhões, afirma que a suspensão da falência foi uma decisão “absurda” tomada num plantão. “O mesmo juiz já foi favorável ao grupo antes”, diz.

Os bancos recorrerão da decisão e avaliam reclamar de Costa Filho ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A falência do grupo foi pedida porque a Laginha parou de pagar os bancos enquanto pedia a revisão de encargos, alegando que os juros e os preços do açúcar e álcool caíram nos últimos anos. O controverso Lyra, pai de Thereza Collor, cunhada do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que já foi acusado de utilizar trabalho escravo em suas empresas, está muito distante da era de ouro da República das Alagoas. “A Laginha Agro Industrial superará mais esse desafio, e continuará firme contribuindo com a geração de emprego e o desenvolvimento de Minas Gerais e Alagoas”, afirmou Lyra, em nota oficial.

.