Após discussão, chefe do Gabinete Militar do TC é exonerado do cargo

Após ameaçar brigar com o conselheiro Anselmo Brito, na porta do Tribunal de Contas do Estado, o tenente-coronel Neilson Souza Lima não é mais o chefe do Gabinete Militar do TC. A exoneração foi publicada no Diário Oficial.

O fato aconteceu após cobrança de informações do conselheiro do TC ao então chefe do Gabinete Militar do tribunal.

O conselheiro registrou boletim de ocorrência na delegacia e comunicou o caso ao secretário de Defesa Social, coronel Dário César. Na versão dele, a briga aconteceu por cobrança de informações sobre os militares que vão entrar na reserva remunerada. Os ofícios nunca eram respondidos. Até que Anselmo Brito encontrou com o coronel na entrada do TC.

“Nós nos cruzamos na escada e eu perguntei a ele (Neilson) quando ele me responderia sobre uma questão que havia solicitado. Ele, então, me disse que não daria a informação sem antes informar ao presidente do Tribunal de Contas. Ele estava armado e um militar interviu, eu não estava armado, não ando armado nem tenho segurança. Não sei se teria ocorrido algo se o policial não tivesse chegado na hora”, disse.

“Temo pela minha vida. É inconcebível alguém ser tão descortês com um conselheiro e isso só ter acabado com a interveniência de uma outra autoridade de alta patente. Eu não ando armado, apesar da prerrogativa do cargo. Não quero”, disse Brito.

Anselmo Brito é o único conselheiro concursado e indicado ao cargo sem vínculo político em mais de 40 anos de existência do tribunal. Ele é natural do Maranhão.

E o histórico de cobranças do conselheiro é antigo. Nas sessões do Tribunal de Contas de Alagoas – uma das cortes mais “fechadas” do Estado – ele cobra transparência nas ações e salários pagos a funcionários. Em uma das vezes, a insistência foi tanta que o presidente do TC, conselheiro Luiz Eustáquio, abandonou a sessão.

No ano passado, a Polícia Federal descobriu um rombo de R$ 100 milhões na folha de pagamento do TC, por fraudes no INSS, onde um conselheiro é citado. O dinheiro foi lavado na compra de cavalos e uma academia de luxo, na orla de Maceió. Os funcionários presos na operação continuam a exercer as atividades no Tribunal.

“O que me deixa preocupado é que se um conselheiro não tem condições de receber informações deste tipo, quem terá?”, pergunta. Brito recebeu a solidariedade de todos os conselheiros, auditores do TC e do secretário de Defesa Social.

“Não vou deixar de cobrar. Esta ação virou o combustível necessário para que eu continue a agir”, explicou. O coronel e o Tribunal de Contas só se pronunciam nesta quinta-feira sobre o episódio.

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