Lessa divide com José Serra lista dos 'rejeitados'

O Globo

José Serra não está sozinho na luta contra os altos índices de rejeições. De acordo com as pesquisas de opinião mais recentes do Ibope, outros sete candidatos a prefeito das capitais de todos o país enfrentam uma rejeição igual ou superior a 33%. Isso significa que, a cada três eleitores, um não votaria de forma alguma no candidato em questão. Quem encabeça a lista é o deputado federal Almeida Lima, que tenta voltar à prefeitura de Aracaju, com 38% de rejeição. Já Serra, segundo pesquisa divulgada na segunda-feira pelo Ibope, conseguiu reduzir o índice de 37 para 34%. Segundo o Datafolha divulgado na quarta-feira, no entanto, a rejeição a Serra subiu de 41% a 42%. Em alguns casos, candidatos que lideram as pesquisas conseguem ter uma rejeição maior do que o percentual de intenções de voto.

Campeão de rejeição entre todos os candidatos a prefeito das capitais do Brasil, Almeida Lima (PPS) culpou o Ibope pelo resultado da pesquisa divulgada em 27 de agosto. O deputado está em quarto lugar, com apenas 4% das intenções de voto.

— Já fui prefeito e saí com a aprovação em 83%. Este resultado mostra apenas a imoralidade do Ibope — acusa o candidato.

Morador de Aracaju, o cabeleireiro Francisco da Silva, de 68 anos, diz que não votaria em Almeida Lima “nem que lhe pagassem”:

— Se ele não está bem cotado, é porque não vale nada. Ele já foi prefeito, senador, mas quando está lá em cima não ajuda ninguém — afirma.

Moroni Torgan (DEM) tem a preferência do eleitorado e a maior rejeição de Fortaleza. O percentual de eleitores que não querem vê-lo como prefeito supera seus 31% de intenções de voto, e chegou a 33% na pesquisa divulgada em 30 de agosto. Moroni já foi candidato a prefeito de Fortaleza quatro vezes, mas nunca conseguiu ser eleito. Foi vice-governador do Ceará ao lado de Tasso Jereissati, e deputado federal por três mandatos.

Para a estudante de psicologia Manuella Baima, o político acabou ficando conhecido na cidade depois de se candidatar tantas vezes à prefeitura, mas sua expressividade política na capital cearense ainda é pequena.

— O Moroni é a grande incógnita dessa eleição. Quem acompanha política sabe que ele só aparece nessa época. Mas ele focou nas classes menos favorecidas e fez propostas de segurança, que é o principal problema de Fortaleza atualmente. Por isso, algumas pessoas estão pensando em votar nele — sugere.

Empatado em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto em Maceió, Ronaldo Lessa (PDT) tem 28% do eleitorado, mas sua rejeição é ainda maior: 34%, de acordo com a pesquisa do Ibope de 16 de agosto. Prefeito de Maceió em 1992 e governador do Alagoas em 1998, o candidato chegou a disputar o governo do estado novamente em 2010, mas teve a candidatura impugnada na véspera do segundo turno. O pedido de sua atual candidatura chegou a ser negado devido ao não pagamento de uma multa eleitoral de R$ 38.703,44, ainda referente à campanha de 2006, mas o político recorreu.

O taxista Ednaldo Correia é um dos eleitores que não pensa em votar em Lessa de jeito nenhum. Para ele, a rejeição ao político na cidade está mais ligada à sua própria atuação em mandatos passados do que a seus aliados políticos, que incluem o senador Renan Calheiros e o ex-presidente Fernando Collor.

— O Ronaldo Lessa já deu o que tinha que dar. Ele já foi prefeito de Maceió, governador de Alagoas, e não fez muita coisa. O povo já está saturado dele — desabafa.

Para o cientista político Alberto Carlos Almeida, os índices de rejeição normalmente são um reflexo do histórico do candidato.

— Muitas vezes, a rejeição está ligada à atuação desses políticos em seus mandatos anteriores. Mas cada caso deve ser analisado individualmente. Um alto índice de rejeição nao é suficiente para impedir que o candidato seja eleito — afirma.

Em Boa Vista, Mecias de Jesus (PRB) conta com uma rejeição de 36%. Segundo colocado na pesquisa do Ibope de 21 de agosto, o deputado estadual conta com o apoio do atual prefeito, Iradilson Sampaio, do PSB. Já Cristina Almeida (PSB) está em segundo lugar na pesquisa divulgada em 14 de agosto para Macapá, com 16% das intenções de voto, mas a sua rejeição na cidade chega a 35%. Em João Pessoa, Zé Maranhão (PMDB) enfrenta o mesmo problema. Tecnicamente empatado com o adversário Cícero Lucena (PSDB), o candidato possui 27% das intenções de votos, mas é rejeitado por 35% do eleitorado, segundo dados de 10 de agosto. O atual prefeito de São Luís e primeiro colocado na pesquisa de 27 de agosto, João Castelo (PSDB), encontra-se empatado tanto nas intenções de voto quanto na rejeição: 33% para ambos. Os candidatos não foram encontrados até o fechamento desta edição para comentar o caso.

A pesquisa em Aracaju foi publicada em 17 de agosto por encomenda da Rádio Televisão de Sergipe. Em Boa Vista, a pesquisa foi publicada em 21 de agosto, encomendada pela Rádio TV do Amazonas. Em João Pessoa, a data de publicação é de 10 de agosto e o solicitante foi a Televisão Cabo Branco É da mesma data a pesquisa de Macapá, encomendada pela Rádio TV do Amazonas. Em São Paulo, a pesquisa de 30 de agosto feita a pedido da Rede Globo e do jornal O Estado de São Paulo. A pesquisa de Maceió, publicada em 14 de agosto, foi solicitada pela TV Gazeta de Alagoas. Já em Fortaleza, a pesquisa de 13 de agosto foi feita sob encomenda da Editora Verdes Mares. Em São Luís, a data de publicação da pesquisa solicitada pela TV Mirante é de 24 de agosto. Todas as pesquisas foram registradas nos tribunais regionais eleitorais de cada estado. Todas possuem um grau de confiança de 95%, com margem de erro que varia entre 3 e 4 pontos percentuais. Em São Paulo foram ouvidos 1.001 eleitores, e em São Luís, 805. Em todas as outras, 602 eleitores foram entrevistados pelo Ibope.

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