Coronel da BM mandou abrir sindicância para apurar agressão flagrada em vídeo

Zero Hora

Após a repercussão de fotos que registram a violenta abordagem de policiais militares a um jovem na tarde de sexta-feira, no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, o chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), órgão que coordena a Brigada Militar na Capital, o coronel Alfeu Freitas mandou abrir sindicância para verificar os fatos.

— Nem preciso ver as imagens para desconfiar que algo errado aconteceu nessa abordagem. Se o rapaz estava apenas filmando e nem agrediu ninguém, não teria porque usar da violência para contê-lo ou impedir sua filmagem — analisa Freitas.

Caso se constate indício de crime, como abuso de autoridade e agressões, a sindicância pode se transformar em Inquérito Policial Militar. O coronel classificou a abordagem truculenta dos PMs como inexplicável:

— Eram três policiais fortes, um deles com arma longa, para conter apenas um rapaz desarmado? E tinha mulher e bebê ainda? É inexplicável — pondera Freitas.

Freitas diz que o episódio poderá servir para uma reflexão, na BM, sobre maneiras de lidar com o cidadão.

Policiais teriam agredido jovem porque ele estava filmando abordagem

Daniel Venuto estava com a esposa Renata Vaz e a filha de quatro meses no Parque Marinha do Brasil, quando teria sido agredido por agentes do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM).

— Os policiais estavam próximos à pista de skate, orientando para que não houvesse algazarra e ele (Daniel) começou a filmar com o celular. Foi quando dois brigadianos tentaram tomar o celular. Como o Daniel não quis dar, começaram a bater nele — narra Renata.

O episódio foi registrado em fotos que circularam no Facebook e, até a manhã de sábado, uma das fotos já havia computado 2.308 compartilhamentos e 1.112 curtidores. Um skatista que frequentava o local filmou, com celular, o momento em que três PMs tentam dominar Daniel, colocando-o de bruços no chão, com joelho sobre as costas, para algemá-lo. Podem ser ouvidos os gritos de Renata (“vai matar ele, vai matar ele”) e os apelos de Daniel: “sou trabalhador, eu sou empresário, estava passando, assim tu vai quebrar meu braço”.

Renata carregava no colo a bebê, que abre a boca de espanto.

Os PMs, ligados ao Pelotão de Operações Especiais (POE) do 1º BPM, estavam em três. Um deles carrega uma escopeta (espingarda de repetição), apontada para o chão.

Depois de ser algemado e levado à 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, Daniel Venuto registrou uma ocorrência contra os policiais militares e fez um exame de corpo de delito.

— Não somos agitadores, mas não queremos que essa situação fique impune, foi abuso de autoridade — reforça.

Contatada por Zero Hora, a 2ª DP confirmou ter recebido a ocorrência. A policial plantonista, que não quis informar o nome, disse que as providências serão tomadas na próxima semana, quando o delegado tomará conhecimento do caso.

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