BLOG

Do agosto ao desgosto da violência impune

 

Nunca fui de superstições e tenho meu próprio jeito de lidar com as lendas e mitos, contudo, o mês de agosto passou a ser um símbolo de desgosto, desde a tortura vivida por meu filho Alexystaine, em 31 de agosto de 2007, em Matriz de Camaragibe.

Até aquele momento, a conjuntura da nossa vida familiar inspirava alegria e sonhos de futuro saudável para os quatro filhos que Deus nos confiou. A luta honesta que sempre pautou nosso despertar a cada dia, era sempre uma oferta de coração ao crescimento moral e intelectual de todos nós.

A tormenta veio como um vendaval repentino. Pela falta de respeito ao direito alheio, pela truculência policial que ainda caracteriza a polícia alagoana, pela omissão que envergonha os poderes constituídos, pelo não funcionamento das estruturas defensoras dos direitos, pelo inexplicável azar, que fez com que aquela pedra jogada a esmo por um menino de apenas 12 anos de idade batesse no carro da guarda municipal de Matriz de Camaragibe…

Nosso filho foi vítima de tortura em tenra idade. Sofrendo abalos psicológicos sem medidas. Tendo a autoidentidade rasgada pela brutalidade da força. Vergando entre a depressão e a revolta. Nosso rebento pendia para os insucessos pessoais; desinteresse pelos estudos, mutismo, automutilação.

Mas a denúncia foi o único erro considerado nessa história!

Todos os denunciados estão isentos de culpa.

Apenas Alexystaine pagou o preço da liberdade de torturar que Alagoas mantém nas mãos de seus agentes de segurança; inclusive, premiando os mais astutos!

Da juventude em flor à bala na cabeça. Eis sua quota de oferenda à Alagoas, em nome da justiça, que aqui nunca é feita.

Sim, agosto falará desse desgosto pelos idos dos tempos.

No olhar de meu filho, porém, o brilho límpido da alma boa, cedo colhida pelas mãos divinas Daquele que nos prometeu a justiça verdadeira, na qual só precisamos confiar.

SOBRE O AUTOR

..