Demitida, virou poeta, chorou por Tancredo e apertou a mão do Papa

É a trajetória da poetisa alagoana Maria José de Oliveira, que carrega em um saco plástico pelas ruas de Maceió seus dois livros, 190 poesias e 36 cordeis

Odilon Rios
reporternordeste.com.br

Foi na expulsão do curso técnico de Enfermagem que a funcionária pública Maria José de Oliveira descobriu a poesia. O desentendimento com a diretora da escola- já se vão 38 anos- rendeu dois livros, 190 poesias, 36 cordeis.

No papel, fala de tudo: política, economia, Alagoas, o Papa.

“Apertei a mão do Papa quando ele esteve em Alagoas. Entreguei um livro meu”, disse.

O primeiro livro foi “Memórias de uma ex-estudante”. Tem versos até para a morte de Tancredo Neves. A funcionária do Estado- entrou em 1982- tem uma versão própria- na verdade, uma fofoca da época.

“Morreu o presidente porque mataram na sala de cirurgia. Não tem outra explicação. Chorei nesse dia”, disse.

Reclama, em versos, da obra de aterramento da lagoa- que deu origem ao Dique Estrada- na era Collor. “A região foi do progresso dos pescadores a decadência da fome e da miséria como a gente vê por ali”.

Carrega os livros em uma sacola das Lojas Insinuante. Tentou entregar um livro ao locutor do desfile de 7 de setembro. Não conseguiu. Antes de ir para casa, “cantou” um verso, para o RA.

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