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Perfil de Arthur Lira e Renan Calheiros cansa eleitores de Maceió?

O mais novo levantamento do Quaest mostra que o eleitor de Maceió se identifica mais à direita- o que leva a rejeição de nomes ligados a esquerda como o senador Renan Calheiros e o presidente Lula.

Porém Arthur Lira, tido como de direita, está fora das opções dos eleitores na capital. Talvez por isso sequer é presença anunciada no palanque de JHC.

Pode-se crer que o histórico de Lira – da operação taturana a orçamento secreto- corrobore para este afastamento. Mas tanto Renan quanto Lira têm mais força nos interiores. Calheiros bem mais no Sertão; Lira, uma parte do agreste.

Lira e Renan começaram as carreiras eleitorais na capital.

Talvez no final dos anos 70, início dos 80, quando Calheiros era ferrenho opositor do governador Guilherme Palmeira na Assembleia Legislativa, o hoje senador reverberasse em Maceió.

Não é o caso hoje e nunca foi o de Arthur Lira, mesmo quando o pai dele se comportava como Zé das Casas na era Cícero Almeida, então com popularidade na casa dos 80%.

Nas quatro últimas eleições para prefeito de Maceió, alguns elementos prevalecem.

Quem ganhou tinha menos de 40 anos de idade na época; são brancos, rechaçam o identitarismo e são famílias tradicionais na política local; defendiam – discretamente ou não – o Estado mínimo, ou seja, aquele que dá garantias ao poder estabelecido e as classes mais pobres são alvo de medidas terapêuticas/corretivas do poder público.

Existe uma invisibilizada inadimplência no pagamento do IPTU nas áreas mais ricas de Maceió; praças e viadutos estão se transformando em áreas favelizadas; a guarda municipal atuou e atua de maneira truculenta contra os mais pobres entre os mais pobres.

No baile do poder, o povo sempre dança. Ponto para o estado liberal.

São cada vez menores as promessas de grandes obras. Apenas duas estão em execução: a revitalização do riacho salgadinho e a construção de casas à beira da lagoa Mundaú.

A primeira obra é tocada com empréstimos onde o avalista é o governo federal. A segunda, pelos cofres da União.

Não há grandes transformações na periferia ou no trânsito. A saúde continua com a pior cobertura no Nordeste do Programa Saúde da Família. Quase 20 anos após a licitação do lixo, o serviço continua muito ruim; a licitação para os ônibus não eliminou as quinquilharias caindo aos pedaços, circulando pela cidade porque as empresas se comportam como donas de um serviço que deveria ser público (efeitos do Estado Mínimo, protegendo interesses e interessados).

E como o povo se habituou a um cenário cada vez caótico, os prefeitáveis não precisam se dar o trabalho de exigir deles mesmos propostas que levem a uma profunda transformação da cidade.

Observe que essas propostas estão mais ligadas a candidatos à esquerda- na eleição deste ano, este palanque é de Lenilda Luna.

E como o eleitor rejeita tanto a esquerda quanto transformações maiores no ambiente urbano, não há nada de novo debaixo do sol.

Ao mesmo tempo, este mesmo eleitor troca rápido seus ídolos. Exemplo é Cícero Almeida, amplamente popular mas depois da prefeitura ainda enfrenta dificuldades para o retorno à política.

Sobreviventes, Renan e Lira pouco se ocupam com a opinião do maceioense. Ambos creem que este campo de batalha está perdido. Mas, se os dados rolam em outros lugares, está tudo certo. Mesmo que se percam alguns aneis, talvez uns dedos.

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