Proporcionalidade é a chave para sustentabilidade das PMEs e competitividade das cadeias globais

No dinâmico cenário da sustentabilidade corporativa, onde a possibilidade de um futuro de economia de baixo carbono perpassa decisões empresariais, um conceito ganhou força nas discussões do evento Relatórios de Sustentabilidade na Era Digital: o de proporcionalidade. Em todo o mundo, Pequenas e Médias Empresas (PMEs) têm enfrentado os desafios de atender às novas exigências sobre seus relatórios. O encontro organizado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), em parceria com o Instituto Itaúsa e o Carbon Disclosure Project (CDP), com o apoio do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio) e do NZDPU, realizado nesta quarta-feira (11/09), no Rio de Janeiro, mostrou como a chave para a transição sustentável está em reconhecer que um mesmo padrão não serve para todo o mercado.

O conceito de proporcionalidade foi abordado pelos participantes do evento como uma forma de permitir que empresas, independentemente de seu porte, possam contribuir com eficácia e a partir de suas realidades, adaptando as exigências dos relatórios às suas capacidades. As Pequenas e Médias Empresas poderiam assim equilibrar os desafios, não apenas cumprindo o mínimo que é cobrado delas, mas também com chances maiores de prosperar em um ambiente regulatório em constante evolução. Para os painelistas, as PMEs podem ajudar a moldar uma economia global mais sustentável e integrada.

Ao longo do evento, diversos participantes mencionaram como as PMEs são peças fundamentais das cadeias de valor das grandes corporações, que agora precisam monitorar e relatar as emissões de suas cadeias de suprimentos para atender às novas regulamentações de sustentabilidade. Nesse contexto, a adoção de mecanismos de proporcionalidade é essencial para que essas exigências sejam adequadas à realidade de cada empresa, permitindo que as PMEs façam inventários precisos de suas emissões. Ao capacitar e apoiar as PMEs na elaboração de seus relatórios, as grandes corporações também se beneficiam, já que a integração dessas informações contribui para o cumprimento de metas globais e promove uma maior convergência no mercado, beneficiando empresas de todos os tamanhos.

Entre os participantes do evento, estiveram a diretora executiva do iCS, Maria Netto; o head de Sustentabilidade do Itaúsa, Marcelo Furtado; Claire Eldson, do CDP; a chefe-adjunta do Departamento de Assuntos Internacionais do Banco Central, Cyntia Freitas Azevedo; o superintendente geral da Comissão de Valores Mobiliários, Alexandre Pinheiro; Viviane Muller Prado e Gabriela Junqueira, da FGV Direito SP; e Fabro Steibel, do Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS).

“À medida em que as demandas por sustentabilidade crescem, impactando diretamente as cadeias de suprimentos, temos de lidar, acima de tudo, com uma questão de competitividade. Se grandes empresas como Palmolive e Nestlé, que operam no Brasil, começam a aplicar diferentes métricas em relatórios, precisamos estar preparados para acompanhar esse cenário. Para isso, a digitalização se torna fundamental a fim de garantir que todos possam atender a essas exigências de maneira eficiente e competitiva”, defende Maria Netto.

A importância de aproximar o diálogo entre tecnologia e sustentabilidade também foi um dos destaques do evento. O uso da tecnologia para baratear o custo da produção das informações, principalmente para as Pequenas e Médias Empresas que têm de se adaptar a uma realidade nova para a maioria, é uma necessidade cada vez mais urgente. Os painelistas também destacaram como será fundamental o papel das associações e organizações que unem as PMEs, como Sebrae e Senai, no apoio à capacitação, à difusão de informações e ao acesso a ferramentas de inovação que garantam o atendimento às demandas relacionadas aos relatórios de sustentabilidade.

Outro tema de destaque no evento foram os desafios que as PMEs enfrentam para cumprir a agenda socioambiental proposta pelo G20. De acordo com Cyntia Azevedo, chefe-adjunta do Departamento de Assuntos Internacionais do BC, os principais deles são a falta de infraestrutura, a implementação de diferentes padrões e os elevados custos para adotar novas tecnologias. Para ela, as contribuições apresentadas pelo Policy Paper, publicado pelo Grupo de Trabalho de Finanças Sustentáveis do G20 (SFWG), no documento “Relatórios de Sustentabilidade na era digital: Superação de desafios para PMEs e EMEDs”, elaborado por ITS e FGV Direito SP, com apoio do iCS, representam uma vitória. Pontos do estudo foram discutidos no encontro.

“Com muito esforço, conseguimos criar um diagnóstico para a sustentabilidade de PMEs. Explicamos como reduzir os custos de observância, endereçamos as dificuldades de capital humano e criamos padrões comparáveis, confiáveis e interoperáveis entre os países, além de encorajar o uso de tecnologias. Agradecemos muito ao iCS pelo apoio nas construções de recomendações”, concluiu a economista.

Para acessar o estudo, clique aqui: https://climaesociedade.org/wp-content/uploads/2024/09/Relatorios-de-sustentabilidade-na-era-digital_PORT-1.pdf

.