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Historiador reúne memórias das famílias ligadas à indústria sucroalcooleira

Ricardo Maia

Ser ou não ser um leitor❓️ Eis uma questão bem colocada, por alagoanos e alagoanas, na próxima quarta-feira, 29 de maio de 2024, quando o escritor litero-memorialista e historiador Gustavo Maia Gomes (1947-) estará, finalmente, lançando em Maceió o seu mais novo e massudo livro Uma Noite em Anhumas (Ed. FacForm, 2024; 620 pág.).

Uma noite em Anhumas é um “livro irmão”, segundo Gustavo, de outro intitulado O trem para Branquinha (Ed. Cepe, 2018; 563 pág.) que o antecedeu. Portanto, o segundo de um pretendida trilogia que culminará com o predomínio 100% urbano nas suas histórias de famílias “acucarocratas” de Alagoas e Pernambuco.

Assim como O trem para Branquinha, esse Um noite é Anhuma é também resultado de extensa pesquisa e exaustiva produção textual de um acadêmico Ph. D em Economia pela University of Ilinois, em Urbana-Champaign (EUA, 1985). Aliás, um Ph. D que, antes, tornou-se Mestre pela Universidade de São Paulo, em 1976, após ter se tornado Bacharel pela Universidade Católica de Pernambuco em 1970. Em suas atividades de professor, Gustavo lecionou nas universidades de Campinas (Unicamp, 1972-73), São Paulo (USP, 1973-76) e Federal de Pernambuco (UFPE, 1977-2009). Entre 1987-88), foi visiting Scholer (Pesquisador Visitante) convidado na University of Cambridge/Inglaterra.

Estou divulgando empolgado o Uma noite em Anhumas porque Gustavo Maia Gomes, alem de ser um escritor admirável e prolífico, é meu primo. Mas também porque, inclusive e sobretudo, colaborei intensamente com ele na coleta e discussão dos dados para a construção do capítulo 12, que trata com exclusividade dos “Os Maias” (de Oliveira e Fernandes) da velha Branquinha.

Daí no último dia 7/5/2024, aqui em Maceió, eu ter recebo antecipadamente, em mãos, de Gustavo Maia Gomes, um exemplar de Uma Noite em Anhumas com a seguinte dedicatória autografada para mim: “Ao amigo e primo Ricardo, quase um coautor deste livro, a quem agradeço imensamente.”

De minha parte, também, sou todo gratidão ao meu primo intelectual “alabucano” (i.e.: alagoano+pernanbucano) pela chance que ele me deu de narrar e registrar, em livro, uma enredo familiar que me atravessa e me constitui como sujeito histórico do Brasil nordestino das Alagoas.

Lendo esse mais recente livro, de Gustavo Maia Gomes, não me saia da cabeça a lembrança das famosas teses historicistas do filósofo frankfurteano Walter Benjamin (1892-1940), que aqui seguem: ” ‘No caderno N das Passagens, caderno-esboço de grande utilidade às teses Sobre o conceito de história, encontramos a definição do historiador como aquele que conjura os mortos e os faz sentar numa mesa: ‘Em qualquer época, os vivos descobrem-se no meio-dia da história. Espera-se deles que preparem um banquete para o passado. O historiador é o arauto que convida os defuntos à mesa’ (N 15, 2). Nas teses, essa imagem-ideia salta no sentido de um ouvir as vozes emudecidas – ‘pois não existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram?’ (tese 2) –, de um apontamento para o qual nem os mortos estarão a salvo se os vencedores continuarem a vencer: ‘O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer’ (tese 6). O olhar melancólico de Benjamin pelo retrovisor da história é, assim, produto de um tensionamento presente, atual, numa situação de perigo. O anjo melancólico da história ainda precisa saber se é possível ‘deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos’ (tese 9). Como bom messiânico, Benjamin ainda nos faz mirar o tempo que resta em vista de alguma redenção coletiva.” (Cf. Pedro Henrique in “Benjamin: Nem os mortos estarão a salvo”. http://xn--segundaopiniao-7eb.jor.br/; fonte: Google)

Para concuir por aqui: o lançamento de Uma noite em Anhumas acontecerá no MISA (Museu da Imagem e do Som de Alagoas), das 19h às 22h, no dia e data já acima mencionados. O MISA fica na Rua Sá e Albuquerque, 275. Jaraguá – Maceió/AL. Cep: 57025-180. Tel: (82) 3315-7882.

Aguardamos vcs lá❗️

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