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O golpe de Lula

Ser cientista social em tempos de tio do zap não chega a ser uma glória, mas é um desafio constante. Ainda mais quando as redes sociais nos colocam nas vitrines do bem e do mal querer, simultaneamente.

No balaio de notícias, inúmeras são falsas ou mal contadas, estilo feira contaminada, onde qualquer desavisado vai acreditar em algo que não existe, ou passará  a ter uma visão distorcida dos fatos.

A única segurança que encontro é ser fiel aos bons princípios ladeados estes pela ciência, porque para mim política é isso, ciência!

Nesta veia científica cheia de complexas ignomínias, ser comum por vezes é risco grave , porque o que escorre tendo este público como alvo é pura perfídia, na certeza de que não haverá averiguação, questionamento, qualquer sinal de crítica; conformando o público dentro de uma verdade conveniente aos múltiplos interesses em jogo.

Estaremos agora impedidos de fazer críticas ao governo Lula?

Quem critica Lula se torna automaticamente de direita?

Como analisar com seriedade sendo impedidos de elencar falhas de um governo, por ter votado nele?

Como deslocar o governo do contexto histórico contaminado pelo fascismo liberal dos bolsonaristas que estão no parlamento?

Estaremos engessados na voz analítica?

Não é aconselhado a quem escreve neste tom guardar preocupações com as vozes alheias, sejam estas amigas ou inimigas.

Por isto mesmo, nossa fidelidade aos princípios das ciências sociais segue incólume, como amparo necessário ao fazer diário, na escrita responsável e democrática.

Posso então afirmar aos afoitos anti-esquerda que mesmo sendo Lula um político liberal, jamais teria votado em Bolsonaro, que  é um político ultra-liberal fascista.

Mas  ter votado em Lula não o isenta dos nossos olhares cidadãos, e reconhecemos que neste governo o presidente deixa selado um império liberal disfarçado de esquerda, demonstrado desde o final do primeiro ano do seu mandato.

Sempre é importante lembrar que este mandato de Lula custou sacrifícios ao povo, ao eleitor apaixonado por democracia, e esta paixão não correspondida é a mais pura manifestação liberal das últimas horas, onde as instituições burguesas seguem intocadas e toda estrutura de ganhos não teve um único risco em suas bases de lucro.

Ao povo tem sido oferecido o mínimo dentro das expectativas criadas, mas é importante frisar que a bancada bolsonarista segue firme e coesa na negação de benefícios sociais, porque esta pauta garantiu os financiamentos de campanha, principalmente dos setores mais arcaicos e afeitos ao escravagismo como relação produtiva.

Estamos em um dos cenários mais complexos da história brasileira, mas é também aqui, neste exato ponto, onde a democracia está sendo utilizada como ofensiva letal à esquerdas reais, porque cria palcos para exposição de pseudo-esquerdas, onde o cerne liberal se apropria de discursos e convence espargindo pingos de benefícios em segmentados mapeados.

Sim, a cana pode até ser doce mas não é fácil transformar sacarose em rapadura ou melaço!

Aqui também vale o esforço de quem lucra com a ausência de debate social crítico. Porque quem não está conosco está contra nós, é jargão ambíguo, e serve a todos os clãs.

Entre o fascismo e o liberalismo, não deixemos que morra o sonho de cidadania que sustentou os mais belos discursos socialistas, um dia. O longevo dia da história que fortaleceu trabalhadores do Brasil, não seja apagado pelo brilho de uma única estrela.

Quem tiver olhos de ver, não os feche.

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