Menos de 20% dos refugiados no mundo voltam aos países de origem

Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas mostram que expulsão das populações estão se tornando cada vez mais constantes

Agência Brasil

Menos de 20% dos refugiados no mundo voltam aos seus países de origem, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Há dois anos, 1 milhão de refugiados retornavam à terra natal. Atualmente, o número é inferior a 200 mil, segundo o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, que está em visita ao Brasil.

De acordo com Guterres, os conflitos e as crises que provocam a expulsão da população de seus países estão cada vez mais duradouros e sem perspectiva de solução, o que dificulta o retorno dessas pessoas. “Por enquanto, parece que estamos em um mundo descontrolado, à deriva. As crises estão imprevisíveis”, disse o comissário, durante reunião hoje (2) com integrantes do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça.

O comissário mostrou preocupação com as situações na Líbia, Síria, Costa do Marfim e no Sudão, onde milhares de pessoas estão saindo desses países por causa de conflitos com os governos locais, e, principalmente na Somália, onde grande parte da população passa fome.

Para o secretário executivo do ministério e presidente do comitê, Luiz Paulo Barreto, quanto mais tempo o refugiado fica fora de seu país, mais aumenta a chance de permanecer em outras nações por estabelecer laços com o local onde foi acolhido, como casar-se ou ter filhos.

“Ele [refugiado] cria raízes novas, passa a fazer parte da sociedade, se abrasileirar”, disse, ao lembrar os casos de pessoas que deixaram a Angola, por exemplo, com destino ao território brasileiro. “Com a reconstrução do país, muitos voltaram para lá. Outros já estavam tão acostumados e decidiram ficar no Brasil”, contou.

Segundo o Conare, o Brasil abriga 4.432 refugiados de 77 nacionalidades, sendo 64% provenientes da África.

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