Tucanos querem afastar Maurício Quintella da CPI Cachoeira

Nesta quinta-feira, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pediu à CPI que investigasse as informações sobre o encontro de Cavendish com membros da comissão e denunciou a existência de uma "tropa do cheque" para proteger a Delta nas investigações.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou nesta sexta-feira que, uma vez identificados, os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira que participaram de um almoço em Paris com Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, deveriam pedir afastamento do colegiado. Para o líder do PSDB, a CPI está “sob orientação política suspeita”. As informações são da Agência Senado.

 Nesta quinta-feira, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pediu à CPI que investigasse as informações sobre o encontro de Cavendish com membros da comissão e denunciou a existência de uma “tropa do cheque” para proteger a Delta nas investigações.

A Delta é apontada pela Polícia Federal como integrante do esquema criminoso montado por Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro por corrupção, formação de quadrilha e outros crimes. De acordo com a PF, a Delta, maior detentora de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com negócios em vários Estados, repassou dinheiro a empresas fantasmas controladas por Cachoeira.

No plenário hoje, Alvaro Dias lamentou a postura de alguns parlamentares que tiveram a “ousadia de tentar justificar a não convocação de Cavendish”. Na quinta-feira, a decisão de chamar o empreiteiro à comissão foi adiada. “O empresário teve o acinte de afirmar que compraria um senador com R$ 6 milhões, e agora a comissão se recusa a ouvi-lo. Ou seja, há não só omissão, há conivência e cumplicidade daqueles que não aceitam convocá-lo para que possa ser devidamente questionado e responsabilizado pelos seus atos”, afirmou o tucano.

“É preciso recolocar a CPI nos trilhos da investigação para valer, valorizando o essencial, que é o desvio do dinheiro público, por meio das operações da Delta tendo Cachoeira como principal traficante de influência”, afirmou Dias.

Ainda conforme o senador, ficou claro que recursos volumosos saíram dos cofres públicos, especialmente do governo federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para a conta bancária da empreiteira. “Da Delta, o dinheiro saía para o dinheiro alimentava contas bancárias de integrantes da quadrilha Carlos Cachoeira. Isso está explícito nos documentos sigilosos que chegam à CPI.”

Julgamento de Demóstes Sobre a tentativa da defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) de suspender, por meio de um mandado de segurança, o processo administrativo a que responde no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Alvaro Dias argumentou que se trata de um julgamento político. “Demóstenes teve toda oportunidade de se defender no Conselho, onde falou o tempo que desejou, e na CPI, onde preferiu ficar calado. O que ocorre no Congresso é um julgamento político com regras próprias. Cabe ao Congresso definir os rumos deste processo.”

Demóstenes Torres responde a processo disciplinar no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, depois que foi flagrado em escutas telefônicas da Polícia Federal em conversas com Carlinhos Cachoeira. O relatório final, a cargo do senador Humberto Costa (PT-PE), vai ser apresentado na próxima segunda-feira.

Carlinhos Cachoeira Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

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