Entrevista- Célia Rocha: ‘Alagoas tem máquina emperrada’

Deputada federal fala sobre as eleições em Arapiraca

Em uma das poucas entrevistas para falar sobre eleições, a deputada federal Célia Rocha (PTB)- candidata à prefeita de Arapiraca- falou sobre o adversário Rogério Teófilo e o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Espera uma campanha sem ataques, mas ela mesma faz críticas ao Governo- mas não ao governador, a quem chama de “honesto e probo”. A conversa foi logo após a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra a Mulher.

Após ouvir a reunião da CPI da Mulher em Alagoas- e as críticas às condições que o Estado não oferece- espera um milagre divino para o problema?

Essa realidade que ouvimos é dura e o que me incomodou é que a vinda da CEI era oportunidade do Governo mostrar as mazelas, mas como é difícil fazer isso.

As explicações- e os investimentos- que o Governo diz fazer não satisfazem?

Claro que não, porque essa não é a realidade. O dia a dia deste Estado é que ele é uma máquina emperrada, burocrática, não pretende que as coisas aconteçam com mais facilidade. Há alguns dias a gente teve a perda de uma jovem, que se matou em Palmeira dos Índios. E a família esperou seis, oito horas para o perito chegar ao local. Isso não existe: ter de se apelar para alguém por uma coisa destas. É muito ruim que se exista um político que viabilize um Instituto Médico Legal. E o Governo a ele mesmo se engana, com aquele discurso e meia dúzia de falas- a Saúde não sabe da Secretaria da Mulher, nem a da Mulher sabe o que há na Saúde. Não há integração.

Problema do Governo ou do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB)?

O governador é uma pessoa de bem. A máquina é que é enferrujada, não está azeitada.

O que precisa mudar? Os secretários?

Não sei dizer. Apenas vejo o governador como homem probo, honesto, que quer mudar a realidade do Estado. Infelizmente, a gente vê que, neste segundo mandato, toda esta boa vontade não vai resultar naquilo que ele deixava esperar para Alagoas.

Perdemos o controle sobre a violência?

Essa coisa não acontece do dia para a noite. Ela vai crescendo. Se não existe Estado presente para coibir absolutamente nada, a impunidade que a gente vê por aí, não tem como não crescer. E é lógico que as cidades estão crescendo. A cidade de Arapiraca cresceu. Isso traz desafios enormes- inclusive o crescimento da violência. Porque não tem a presença do Estado, a Polícia Militar tem o mesmo contingente de há 15 anos atrás. Quantos se aposentaram? A situação do Estado é difícil, a gente sabe da situação de sangria, pagamento de R$ 50 milhões de juros da dívida pública todos os meses. Não é fácil. Mas, falta mais coisa do que isso.

Falta dinheiro?

Ao contrário. Vemos os recursos que vieram com o presidente Lula, depois a Dilma. Vemos ainda o tratamento que o governador tem lá em Brasília, que não é dado a um adversário político. Mas, meu Deus!, as coisas não acontecem, as casas estão para ser construídas das enchentes, a gente anda por este Estado, vê as barraquinhas de lona. O dinheiro veio, está aí, porque a coisa não acontece de fato?

. Ele vai defender os interesses do candidato dele, do partido dele, e não posso pensar diferente””]As pesquisas indicam que a senhora está na frente em todas as pesquisas- inclusive levantamentos realizados pela oposição. Como vê isso?

A campanha não começou. A pesquisa reflete o momento, ninguém pode se basear nelas para coisa nenhuma. Quando as convenções acontecerem e os candidatos se colocarem como tal, aí se diz alguma coisa. Há muito chão para andar.

Ter o Governo de Alagoas como adversário é difícil, não?

Sim, a máquina sim.

E uma campanha com ataques? O governador avisou que não haverá quebra da diplomacia. Confia nisso?

Não espero isso nem do homem nem do político Teotonio Vilela Filho. Ele vai defender os interesses do candidato dele, do partido dele, e não posso pensar diferente.

Rogério desiste da disputa e apoia a senhora?

Não, ele é candidato forte, vai à luta e vamos à luta juntos. E a população terá as opções.

Célia Rocha representa um projeto do grupo da Célia ou do Luciano Barbosa, Renan Calheiros e Fernando Collor?

Representamos a oportunidade a dar ritmo de crescimento. Não cabe mais amadorismo. E sim experiência, determinação, poder de decisão. Um projeto que existe há 16 anos.

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