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Elô Baeta: Cultura brasileira em cinzas

Elô Baeta é jornalista

Tinha pouco mais de 23 anos quando os assuntos sobre cultura chegaram-me aos braços.

Jamais sairão das minhas lembranças o dia em que entrei pela primeira vez na redação do jornal Gazeta de Alagoas, para assumir meu primeiro emprego como jornalista, e recebi a notícia do editor-geral que, dali em diante, me seriam confiadas as páginas culturais/literárias do Caderno Dois.

Desde então, solidifiquei uma relação de amor e compromisso com a cultura da minha terra, da minha região e do meu país, sobretudo a que germinava entre o meu povo.

Sabia que seria uma relação inseparável.

E que por ela faria todo o esforço, buscando conhecê-la, cuidá-la, salvá-la, de todos os modos possíveis – jornalísticos e ideológicos – dos ataques sociais que sempre a envolveram.

Dali em diante meu projeto profissional e de vida seria entender sua linguagem, seu funcionamento, suas nuanças, seus silêncios…

Confesso que jamais entendi porque estaria ela sempre em segundo plano (para não dizer em último) dos dirigentes do nosso país.

Perguntava-me – e até hoje me pergunto – se algum dia eles, os governantes da nação e os donos de jornais e de outros veículos de comunicação, conseguirão enxergá-la como elemento constitutivo de nossa identidade, fundamental à compreensão e ao reconhecimento de quem fomos e de quem somos.

Sempre vista como objeto de análise menos importante da sociedade.

Quase nunca escolhida para ser manchete dos nossos diários matutinos.

Poucas vezes tema principal das reuniões de pauta.

Talvez, essas respostas que nunca vieram tenham feito o Museu Nacional do Rio de Janeiro agonizar, sentindo solitariamente cada chama arder sobre os dois séculos das memórias que o mantiveram de pé.

E que se foram para sempre.

Agora, pergunto-me o que será de nós? À cultura, à pesquisa e à memória brasileiras só restam o desalento eterno…

SOBRE O AUTOR

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