Blog do Odilon: Briga entre usineiros marca a disputa pela Prefeitura de Maceió

Maior que o patriotismo- este primo-irmão da ignorância humana- a briga entre o Palácio República dos Palmares e os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor pela Prefeitura de Maceió esconde as poderosas pilastras financeiras que sustentarão as eleições neste ano, na capital alagoana.

De um lado, a Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas- os usineiros- estes representados pelo Governo; do outro, um velho rival da Cooperativa, o usineiro João Lyra, o congressista mais rico do Brasil, lado a lado com Collor e Renan.

Na briga entre eles, JL é quem leva a vantagem: lançou Cícero Almeida à Prefeitura de Maceió e ganhou duas vezes o maior e mais rico colégio eleitoral do Estado. Agora, aposta em um velho inimigo, o ex-governador Ronaldo Lessa, para manter a posse da máquina em Maceió. Para isso, une-se a outro rival, Calheiros, e Collor, de quem é aliado há mais de 20 anos.

Do outro lado, a Cooperativa, que apostava, em 2008, no perfil técnico- mas sem votos- de Solange Jurema, então secretária Estadual de Assistência Social. Os cooperados perceberam que, para enfrentar a milionária máquina de JL, além de abrir os cofres, terão de levar, ao segundo turno, a disputa pela chefia do Executivo. A aposta é no deputado federal Rui Palmeira- nome preferido na Cooperativa- o deputado federal Givaldo Carimbão e o deputado estadual Jeferson Morais.

Com a máquina estadual falida- uma dívida impagável e superior a R$ 8 bilhões, refinanciada em 30 anos- Maceió virou essa galinha dos ovos de ouro- uma granja descoberta há mais tempo por João Lyra.

Qual o tamanho da riqueza de Maceió? Os números aqui descritos também estão nas mesas dos usineiros dos dois lados.

Em 2006, a capital alagoana tinha um orçamento de R$ 791,4 milhões; em 2010, era superior a R$ 1,1 bilhão. Apenas entre os anos de 2009 e 2010, a receita da capital cresceu 10,5%.

Isso faz de Maceió a 29a cidade brasileira com maior receita- que significa muito dinheiro em caixa para gastar. E como gasta a máquina municipal. Somente entre 2009 e 2010, o aumento foi de 7,4%- R$ 1,2 bilhão, isso em 2010. Porque em 2006, o valor era menor: R$ 853,8 milhões.

Entre os anos de 2009 e 2010, Maceió, João Pessoa e Salvador foram as únicas capitais do Nordeste que tiveram as maiores variações nas transferências de ICMS. João Pessoa 23,5%; Maceió, 22,6% (2o lugar do Nordeste); Salvador, 18,2%.

Farta, a galinha dos ovos de ouro é uma mina cada vez mais rica e disputada. As usinas de Alagoas estão em recuperação judicial- um processo que sacrifica bens e dinheiro- muito dinheiro- que envolve os bancos e os endividados produtores de açúcar e álcool, mas distantes da falência. Como, aliás, distante estava a galinha de Esopo, o fabulista, de deixar de pôr o seu ovo de ouro, um por dia.

Problema é que o casal de camponeses, dono da tal galinha, achava que, se matassem a ave dentro dela estaria todos os ovos de ouro que quisessem. Abertas as vísceras, perceberam que ela era tão igual às outras.

Perderam a galinha. E o ovo de ouro, um por dia.

Os cofres de Maceió são estas raras chances de fortuna no 3o estado mais pobre do Brasil. Ajudam os espertos e o tolo casal de camponeses.

Problema é que a fábula tem uma moral estranha: Quem tudo quer, tudo perde. Na lógica, os usineiros não perderam mais.

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