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Por que a Justiça transforma o eleitor em um abilolado no debate político?

Nem a descrença do brasileiro nem o sentimento de impotência nas tenebrosas transações em Brasília estão nas mensagens ou meta- mensagens das propagandas da justiça eleitoral, que trata o votante como um abilolado de plantão.

E isso também é reflexo da pouca transparência do Judiciário brasileiro e dos privilégios quase monárquicos de quem ocupa principalmente as maiores funções do poder.

Esse é o mesmo Judiciário que em julho de 2016- enquanto o país se preparava para enfrentar os piores efeitos da estagnação econômica- conseguiu reajuste de até 41, 4% nos salários.

Uma fantasia com tantas lendas de mula sem cabeça, sacis-pererês, fadas, duendes, gigantes e anões quanto as que são expostas nas atuais propagandas do Judiciário.

Veja que elas estão no ar desde bem antes das eleições suplementares no Tocantins ao Governo- eleições que funcionam como um raio-x, mapeando os detalhes da nossa descrença com a classe política. Mais da metade dos votantes nem quis comparecer às urnas ou não votou em nenhum dos postulantes à chefia do Executivo.

Não deve ser diferente das eleições de outubro próximo. E é estranho que a Justiça Eleitoral permaneça em um castelo de príncipes e princesas, ignorando que do lado de fora exista o mundo real, pragmático, insensível, com exigências maiores de cidadania ao brasileiro.

Porque a nossa democracia nos faz crer que ela existe apenas de dois em dois anos. E não no dia a dia do cidadão, na cobrança por escola boa, na rua asfaltada, na comida na mesa pelo menos três vezes por dia, possibilidade de ascender na escala social sem precisar de sobrenomes ou pistolões e sim pelo verdadeiro mérito não nesta farsa pregada por alguns dos nossos liberais de araque.

No mundo encantado da propaganda da Justiça Eleitoral brasileira, reproduz-se Sartre ao contrário: o inferno são dos outros, os que nem pariram Mateus, mas são obrigados a embalá-lo.

Embalá-lo com a cínica ideia de que este é o desejo da maioria. Nossa maioria emprenhada pelos ouvidos num rastro secular.

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