Quais os rumos de uma administração pública em que equipamentos eletrônicos pendurados em postes para controlar o trânsito são mais importantes que escolas municipais, hoje fechadas por causa da greve dos servidores do município de Maceió?
É incrível: a reação da apaniguados comissionados da gestão Rui Palmeira com a suspensão, via Justiça, do funcionamento dos pardais, foi de uma virulência que impressiona. Eles chegaram a marcar uma linha de giz no chão: quem era contra o salvamento de vidas no trânsito e quem era a favor das mortes nas ruas, por motoristas imprudentes.
Percebeu-se, com o tempo, que a defesa dos pardais não era um gesto de humanidade mas porque as máquinas funcionando giram a roda da fortuna em nosso trânsito, fabricam dinheiro aos montes em tempos de cofres públicos à míngua.
Servidores municipais em greve fecharam todas as escolas do município, é o que diz o Sinteal. Desde o início da greve esta semana, nenhum dos sectários comissionados de Rui saiu da toca para expressão sua indignação com crianças fora das salas de aula.
Em 15 de junho, o Ministério Público do Trabalho nos mostrou: sem greve, 50 mil crianças estão fora da sala de aula em Maceió. 18,2% da população alagoana é analfabeta.
A gestão Rui Palmeira perdeu a noção de si mesma. O prefeito arrasta os andrajos de sua presença até 2020 para transferir os escombros de si mesmo a quem tiver disposição de consertar seus próprios erros.
Fica, então, a esperança em uma estratégia, via Justiça, para que as crianças sigam estudando nas escolas de Maceió. E que o servidor municipal seja valorizado como ser humano, como gente. E que valha mais que um pardal, fábrica de dinheiro silenciosa nas ruas da capital.
