Governo descobre 200 pedras de crack e oito celulares, em armário da direção da Unidade de Internação de Menores

Presença de drogas e telefones não estavam nos registros; a hipótese é que integrantes da direção facilitavam entrada de drogas

Odilon Rios
Do Repórter Alagoas

Parte das investigações levadas adiante pela Polícia Civil na morte de um adolescente dentro da cela, nas unidades de internação de menores em Maceió descobriu 200 pedras de crack e oito celulares, todos no armário da direção geral das unidades.

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A Secretaria da Paz- responsável pelas unidades- trocou a direção geral depois da descoberta. A troca aconteceu na semana passada. As pedras de crack e os celulares não estavam nos registros da unidade, nem a existência deles foi comunicada à Vara da Infância.

Suspeita-se de uma ligação entre a entrada de drogas e celulares e alguns integrantes da unidade.

As investigações- levadas adiante pelo delegado Robervaldo Davino em conjunto com o juiz da Vara da Infância, Fernando Tourinho Filho- revelaram ainda que, durante uma rebelião nas unidades- cinco jovens infratores acabaram fugindo- a sala da administração foi queimada.

Suspeita-se da ação de funcionários porque os documentos queimados são os livros- com os registros de quem entra e quem sai das unidades.

As investigações revelam ainda que funcionários do GAP- a polícia de elite dos presídios para adultos- participaram da morte do menor na cela na Unidade de Internação Masculina. A ação, segundo os levantamentos, foi ilegal porque, no papel, o GAP presta serviço aos presídios e nas às unidades de internação para menores.

Na primeira semana de junho, houve o registro de duas rebeliões na Unidade de Internação de Menores, uma delas depois da demissão de 25 monitores, que eram serviços prestados. Eles eram acusados de torturar os menores. Os demitidos negam.

A demissão foi um acordo fechado- de pacificação da unidade- entre o Judiciário e o Governo.

O próprio corregedor do Tribunal de Justiça, desembargador James Magalhães, tem conhecimento da situação da unidade. Ele sabe- por exemplo- desde o dia 26 de maio- que a estrutura física da unidade é desumana: os jovens dormem no chão, por falta de colchão, lençois; os alojamentos são imundos.

A fossa, por trás dos alojamentos, está quebrada; a cozinha está depredada; não há atendimento médico, psicológico, odontológico.

Os jovens não têm atividades físicas.

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