Idosos dormem no chão para atendimento em maior posto de saúde em Alagoas. Assista!

Um lençol forrado no chão é a cama da aposentada Maria do Carmo Brito, de 68 anos Moradora do conjunto João Sampaio, dorme na fila pela segunda vez

Para conseguir atendimento no maior posto de saúde, o PAM Salgadinho, mantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas, idosos chegam até 16 horas antes da consulta. É uma rotina dura: antes do consultório, viajam até 110 quilômetros, depois têm de dormir no chão e na fila para garantir uma ficha. Doentes, alguns têm artrite, artrose, doenças mentais, andam apoiados por cabos de vassoura (por faltar dinheiro para a compra de uma bengala) e alguns ficam acordados a noite inteira para a segurança do grupo. Isso por causa dos assaltos em uma das áreas mais perigosas de Maceió: o Centro da capital alagoana.

Um lençol forrado no chão é a cama da aposentada Maria do Carmo Brito, de 68 anos Moradora do conjunto João Sampaio, dorme na fila pela segunda vez. Ela sente dores no estômago e precisa de um médico.

“Cheguei às oito da noite e vou dormir aqui. Não posso, por causa da frieza. A idade me cansa”, disse.

Silvia Maria dos Santos tem 56 anos. Com síndrome do pânico e depressão, tenta uma ficha para ser atendida. Chegou antes de dona Maria do Carmo: às cinco da tarde. Nove e meia da noite desta segunda-feira (7)- 10 horas antes da consulta, que será na terça- e ela já se preparava para mais uma madrugada fria: meias, chinelos, um lençol forrado no chão, uma sacola de remédios e o cigarro.

“A gente torce para não chover. A gente se junta aqui no portão, porque a chuva é de vento, para não molhar tudo e não ficar doente”.

Dorme todas as semanas na porta do PAM Salgadinho. “Tenho muitos problemas de saúde e não tenho para onde ir. Aqui é minha morada. Médico da minha especialidade só tem aqui. É o melhor ponto”, disse.

“Nos outros dizem assim: não tem, colocam lá uma placa”, resumiu.

Maria das Dores da Silva dorme pela segunda vez na fila do PAM Salgadinho. Vai pegar a ficha para ser atendida. Mas, não é a consulta. É a garantia do lugar para o próximo atendimento.

“E de novo vou dormir na fila”. Ao lado dela, João dos Santos Silva de 48 anos. Há quatro anos teve um enfarto. Perdeu as vezes que dormiu no chão do maior posto de saúde do Estado. Ele mora São José da Lage- a 110 quilômetros de Maceió. Chegou às três da tarde de segunda-feira para conseguir um médico na terça.

No PAM Salgadinho são oferecidas até 30 especialidades médicas- desde acupuntura até atendimento de cardiologia. É considerado referência no Estado- e a movimentação das ambulâncias de cidades do interior mostra que a referência em atendimento do SUS não suposta mais a demanda.

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