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Dia de…?

Há um público crescente que não se reconhece em dia algum. Para eles não tem Dia das Mães, do Pais ou das Crianças. Dia dos avós, nunca ouviram falar. Essa história de flor vermelha no Dia da Mulher ainda não chegou até eles. Hoje, Dia do Trabalhador, não significa nada naquele contexto.

Por esse motivo dedico esse texto a eles, o público morador das ruas, que vive sem banheiro, CPF e razão nenhuma.

Crianças espiando de longe os muros das escolas, nadando no lixo, brincando com os restos da sociedade educada que mal usa os lixeiros públicos.

Mulheres envelhecidas, sem orgasmos, sem creme de cabelo, sem fogão, sem escritório, sem cama. Donas de uma esperança cinza, perdida em fumaça e vício.

Homens feito animais de carga. Longe demais da previsão civilizatória que animou os futuristas.

Maceió e suas orlas enfeitadas de trapos vivos!

Alagoas, a sede bronzeada da miséria social para muito aquém da pobreza e da baixa remuneração. O campo fértil para a proliferação de gente de identidade esfarrapada.

Precisamos muito de quem trabalhe!

Governos, legisladores, juízes, promotores de justiça, secretariado, assistentes, médicos, professores, engenheiros, pedreiros, advogados, escritores, policiais, faxineiros, jornalistas, picólogos, ondontólogos, bombeiros, domésticas, cidadãos, povo, eu e você, cada um, todos nós, trabalhemos para superar essa miséria moral que nos enferma!

Não é normal, não é natural acumular tanta exclusão numa única história social!

 

 

 

 

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