Veja de onde vêm os milhões que estão revolucionando o futebol chinês

R7

Ano a ano, a China vai se consolidando como um dos mercados mais lucrativos para os jogadores de futebol do Brasil. A debandada de atletas importantes no começo de 2016, porém, acendeu de vez o sinal de alerta nos torcedores e dirigentes dos grandes clubes do País.

Com salários de R$ 1, 2 e até R$ 3 milhões mensais aos jogadores, número superior, muitas vezes, aos gigantes europeus, a pergunta que fica é: De onde vem tanto dinheiro para seduzir os craques? A resposta não é simples e envolve até mesmo o presidente chinês,  Xí Jìnpíng, fanático declarado da bola. Uma das políticas de Jínping para o país é elevar de vez a qualidade do futebol como forma de expandir poder.

Na Primeira Divisão chinesa, todos os 16 clubes são controlados por grandes empresas, a maioria empreiteiras. Aos poucos, Jínping foi dando mais espaços públicos a essas companhias pelo investimento no futebol, o qual o país pretende transformar em um grande negócio a médio prazo.

Donos da segunda maior economia do mundo, os chineses copiam o que já foi feito no Japão há alguns anos para aumentar o nível técnico de suas ligas e incentivar novos talentos do próprio país, o que os fará chegar aos “grandes negócios” que almejam em um futuro não muito distante.

Depois de alavancar a qualidade, duas serão as formas para arrecadação: vendas de jogadores, algo que os japoneses já fazem há alguns anos, e o consumo do futebol dentro do próprio país. Torcedores consumidores não faltarão, já que a China tem a maior população mundial, com cerca de 1,394 bilhão de habitantes.

Além do incentivo estatal, as próprias empresas donas do clube já ‘nadam’ em dinheiro graças ao boom econômico chinês nos últimos anos, que exigiu uma maior demanda da construção civil e enriqueceu os empresários ligados ao futebol.

Maior clube do país, o Guangzhou, dos brasileiros Robinho, Felipão, Paulinho, Elkeson e Ricardo Goulart, é o maior exemplo do novo modelo de investimento no futebol. O time, que chegou à semifinal do Mundial de Clubes em 2015, foi comprado pela Evergrande Real Estate Group, empresa majoritárias nas ações, e não poupou esforços nas contratações para a última temporada.

Das cinco maiores transferências do futebol chinês, três envolvem o Guangzhou e jogadores brasileiros. Ricardo Goulart foi o segundo mais caro da lista e primeiro do clube, tendo custado 15 milhões de euros (cerca de R$ 65 milhões). Paulinho vem logo na sequência e foi tirado do Tottenham-ING por 14 milhões de euros (cerca de R$ 61,1 milhões). Já Elkeson, jogador que se destacou no Botafogo mas está longe da qualidade dos outros, valeu 6 milhões de euros (cerca de R$ 26,2 milhões).

Além do Guanzhou, outros times vêm deixando a economia de lado para contar com estrelas no elenco, até mesmo equipes da Segunda Divisão, como no caso do Tianjin Quanjin, do técnico Vanderlei Luxemburgo, que levou Jadson e Luis Fabiano por salários que beiram os R$ 2 milhões mensais e ofereceu a Alexandre Pato algo em torno de R$ 3 milhões a cada mês.

Esses altos investimentos em bons jogadores seguem a linha de outros setores que se desenvolveram no país recentemente. Assim como nas indústrias, a China tem carência em profissionais qualificados da bola e importa mão de obra que os ensinem o caminho. Até mesmo outros profissionais do futebol, que não jogadores, vêm sendo seduzidos pelo dinheiro, como no caso do fisioterapeuta do Corinthians Bruno Mazzioti, responsável pela recuperação de grandes atletas no Timão e que já embarcou para a Ásia.

Copa do Mundo
Mesmo com a seleção nacional muito abaixo das grandes potências do futebol, a China já espera uma melhora significativa na qualidade para daqui alguns anos. Sonhando alto, os líderes do país esperam não só formar uma grande equipe, mas brigar por melhores posições e até título em Copas do Mundo.

Os investimentos na estrutura do futebol, como estádios e CTs, também já são prioridade das empresas que comandam os clubes do país para que, um dia, a China possa sediar um Mundial, a exemplo do que foi feito no Japão e na Coreia no começo dos anos 2000.

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