Repórter Nordeste

87,6% dos estudantes da Ufal já usaram algum tipo de droga

87,6% dos estudantes recém-ingressos na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já usaram algum tipo de droga. Os dados são de 2006, mas só foram revelados nesta sexta-feira. Os alunos revelaram ter usado álcool, cigarro ou maconha antes de ingressar na universidade.

A pesquisa tenta explicar as relações e mitos existentes entre drogas lícitas e ilícitas.

Foram entrevistados 1.446 estudantes do primeiro semestre da Ufal, o que representava 44% dos recém-matriculados na instituição. A pesquisa foi coordenada pelo professor José Áureo Torres, no ano de 2006.

A maconha é a droga ilícita mais usada no ambiente universitário. Cerca de 7,3% dos entrevistados já haviam a consumido alguma vez na vida; destes, 2,5% haviam usado a droga nos últimos 30 dias.

A maior parte dos usuários usa maconha juntamente com álcool, representando 6% do universo entrevistado.

“Apesar de poder causar danos graves para a saúde mental e física dos usuários, a maioria considera maconha droga leve, aceita por boa parte da sociedade sem grandes preconceitos. Por isso, o consumo da droga triplicou em cerca de uma década entre estudantes. Muitos acreditam que são usuários esporádicos, sem reconhecer a necessidade de intervenção para interromper o seu uso”, relata Vitor Sousa, um dos alunos integrantes da linha de pesquisa Desenvolvimento Humano: saúde, acidentes, violência e uso de drogas, sob orientação da professora e médica Divanise Suruagy.

A pesquisa aponta que 5,7% dos entrevistados haviam consumido tabaco nos últimos 30 dias, e que o consumo deste muitas vezes está relacionado com o de álcool.

Apesar de muitos iniciarem o consumo das bebidas ainda em casa, eles perceberam que os valores morais, a religiosidade e a família influem diretamente na inibição de todas as drogas. A educação religiosa impõe regras e limites morais que atuam na prevenção do seu consumo.

Já o período universitário interfere no maior uso dessas substâncias, porque é um momento onde se iniciam novas amizades dentro e fora da instituição e onde o estudante conquista a liberdade para frequentar outros ambientes culturais e de diversão na vida noturna.

Apesar de ainda estarem em início da vida acadêmica, 96,3% dos usuários de tabaco revelaram que pretendem largar o vício. Mas a maior dificuldade é justamente romper com os vínculos de amizades. Estas são responsáveis pela padronização de hábitos e comportamentos. Além disso, existe a dependência à nicotina, a partir de seus componentes fármacos.

Os pesquisadores apontaram que o principal método para deixar o vício é a força de vontade dos próprios estudantes, mas o que dificulta isso é a escassez de profissionais capacitados para tomar medidas de intervenção e apoio aos usuários.

Outros dados como as porcentagens dos usuários por sexo, idade, religião, estado civil e uso de outras drogas estão presentes na pesquisa. Se for aprovado pelo Comitê de Ética da Ufal, esses dados serão atualizados com nova coleta de informações nos próximos meses. A pesquisa a ser realizada com novos estudantes da Universidade dará embasamento para a publicação de futuros artigos sobre o tema.

Ainda este ano, o grupo também planeja a criação do Núcleo de Estudo de Substâncias Químicas (Nesq), com o objetivo de amparo e auxílio por parte dos professores orientadores a pesquisas relacionadas ao tema dentro da Universidade.

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