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Construindo a alma alagoana com Graciliano

O livro “Construção da Alma Alagoana – de Graciliano aos nossos dias” não é uma invencionice de quem gostaria de ter conhecido Graciliano Ramos, mas um diálogo intenso com quem ainda o encontra

caminhando pelas ruas de uma terra onde o tempo aparenta não ter alterado as rodas do desenvolvimento – focando questões culturais e políticas – travando a mentalidade.

O livro Infância retrata um rabisco autobiográfico feito na madureza, onde a criança assustada, de aprendizado fraco e perspicácia nata, está agachada, olhando a vida acontecer e provocar sensações.

Encontrei esta criança tantas vezes ao longo da minha experiência profissional, e sei que ela ainda permanece lá…

Nosso aluno que não entende os rótulos recebidos. Não consegue acreditar na escola o tanto que deveria, para o seu próprio crescimento.

Temos sim, as salas de aula feias. Temos os repelões, as punições, as agressões.

Somos ainda esse povo afeito a legitimar o mando, a subjugação.

Enquanto as estrelas permanecem formando as constelações para a leitura dos astronautas e os séculos avançaram com tecnologias e ópios.

Analisar Alagoas pede mais que formação e letramento, pede a dialética posse/despossessão de quem precisa conhecer o fel sem deixar-se prender no mel.

Tudo muito bem traçado, códigos decifrados. Ler esta terra é uma saga apaixonante, embora os finais nem sempre possam ser felizes. Mas certamente, encontraremos no livro mais do que imaginação,

talvez nos proporcione um certo alívio, por dizer humildemente que ser alagoano alfabetizado nas letras e na política é tarefa das mais exigentes.

Contudo, nas linhas onde também pinga sangue, poderemos encontrar as digitais de quem acredita na força de mudança da sociedade.

 

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