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História e arte em Porto de Pedras

Escrever é trançar linhas entre o passado, presente e futuro; mais interessante se torna quando associamos a outras artes esta tarefa brilhante de recompor o chão humano, nas perspectivas inovadoras, possibilitando maior alcance da beleza produzida sobre a luta e a dor.

Por isso recuperamos o texto abaixo, posto na placa oficial da Cadeia das Artes:

Livro de tombo dos edifícios e monumentos isolados

” No contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil, em 1633, as tropas Luso-Espanholas ergueram este pequeno forte destinado à defesa da região, visando dificultar o acesso de embarcações inimigas através do lagamar da Rateia e da ria de Porto de Pedras, através do rio Manguaba até a então freguesia de Porto Calvo, rio acima.

Foi posteriormente abandonado e depois transformado em cadeia pública. Recuperado pela prefeitura de Porto de Pedras em abril de 2023 e transformado em um centro permanente de artes, cultura e turismo”.

A história do litoral norte alagoano foi cercada de fortes e cruzes, símbolos da colonização, da apropriação do território por forças humanas e representações divinas no jogo de interesse político e econômico que traçou o social importado, fincando raízes bélicas na beira do mar.

Os silenciamentos seguem incólumes, deixando apenas algumas frestas de conhecimento analítico penetrarem pelas janelas grossas do passado brasileiro e seu início no mar morno de Alagoas. Mas algo já pode ser dito sobre passado e memória:

E sobre os escombros históricos algumas vezes é possível construir convívios novos. Assim fez o município de Porto de Pedras quando transformou o antigo forte, que também foi cadeia pública e estava desativada, em um território de recriação referencial, abrindo espaço para as artes locais.

História e desafios do presente, em manifestações de linguagens artísticas cativantes, é o que podemos encontrar na Cadeia das Artes, que nos foi aberta e explicada pelo artesão local Waldemar, um transformador de capembas de coqueiro em belos quadros.

Waldemar nos falou sobre o processo criador, a métrica do tempo envolvido na criação para precificar as obras, e sorridente confidenciou sua participação em feiras de artes, tendo sido a última no Ceará. Mantém um perfil na rede social instagram denominado @artecoqueiro_

A dinâmica de manutenção da casa pertence aos próprios artesãos, que se revezam na abertura do local para visita pública e comércio dos produtos comuns.

Além do desenvolvimento econômico de baixo custo, este tipo de iniciativa mantém aberto o acesso à história, razão pela qual elogiamos a iniciativa com louvor.

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