15 universitários mortos em Damasco

Vários morteiros caíram ontem sobre a lanchonete da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Damasco, no bairro central de Baramkeh, deixando pelo menos 15 estudantes mortos e 20 feridos. O regime de Bashar Al-Assad culpou os “terroristas” pelo ataque, ocorrido por volta das 13h30 (8h30 em Brasília). Em entrevista ao Correio, pela internet, Susah Ahmad, porta-voz do Conselho do Comando Revolucionário em Damasco e subúrbios, responsabilizou o governo. “As forças de segurança dispararam contra a faculdade propositadamente, para fazer a população síria crer que teria sido uma obra do Exército Sírio Livre (FSA, pela sigla em inglês) e disseminar o medo”, afirmou a ativista.

Nas últimas semanas, a capital tem sido alvo de constantes lançamentos de morteiros. Para Ahmad, Al-Assad estaria se sentindo cada vez mais acuado pelo avanço dos insurgentes. “O bombardeio a uma faculdade e o assassinato de estudantes é um sinal de que o regime enlouqueceu”, comenta ela. Na última terça-feira, os rebeldes dispararam vários artefatos contra Damasco, matando três pessoas e ferindo dezenas.

Barulho

A rede de tevê síria Al-Ikhbariya exibiu imagens de universitários feridos e de médicos realizando massagem cardíaca em duas vítimas. Havia sangue espalhado pelas paredes e em poças no chão, além de cadeiras e mesas quebradas. “Parecia o barulho de alguma coisa pesada caindo ao chão, mas com a intensidade do som multiplicada milhares de vezes”, descreveu Mohamad Abdul Jalil, 23 anos, supervisor de treinamento e contabilidade em uma empresa de recursos humanos situada em Baramkeh, a apenas 300m da Faculdade de Arquitetura. “Qualquer lugar na cidade pode ser alvo de ataque. Os morteiros são imprecisos”, afirmou à reportagem.

Assim que escutou o som das explosões, Mohamad tentou contato com amigos que estavam na faculdade, mas a rede de telefonia celular de Damasco havia entrado em colapso. Ele só conseguiu contato cerca de uma hora depois. “Ele estava em pânico, e as pessoas em volta dele, especialmente as mulheres, choravam”, recorda. Desde o início do levante na Síria, em 15 de março de 2011, pelo menos 70 mil pessoas foram mortas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). “Você sabe o que a segurança significa? Este era o nome de meu país”, declarou outro morador de Damasco, sob a condição de anonimato. “Estamos enfrentando situações inimagináveis”, acrescentou.

As informações são do Correio Braziliense

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