113 mil empregadas domésticas demitidas no País

O desemprego está crescente entre as domésticas, uma tendência que vem se confirmando desde o ano passado. Apenas em fevereiro, 25 mil trabalhadoras deixaram a atividade, elevando as dispensas para 113 mil nos dois primeiros meses do ano. Em 12 meses, o total de desligamentos atingiu 133 mil empregadas, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de redução do número de domésticas no país, o salário da categoria foi o que mais cresceu (7%), passando de R$ 718,64, para R$ 768,70 em um ano.

Para Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), vários fatores incentivaram a queda no ritmo de contratação: desaquecimento da economia, inflação em alta, peso dos salários das domésticas no orçamento dos patrões e a ampliação dos direitos trabalhistas para a classe por meio da Emenda Constitucional nº 66, aprovada em caráter final nesta semana. “O custo desse serviço vem subindo e a tendência é que continue elevado. Os empregadores se preveniram e foram dispensando aos poucos as domésticas”, disse.

Com o arrefecimento da demanda, os salários vão cair, segundo Freitas Gomes. “O mercado ficou estreito por um tempo porque muitas optaram por trabalhar no comércio, setor em que a oferta de vagas estava alta. Isso ajudou a elevar os ganhos. Agora, com o temor dos patrões ante as novas obrigações, a procura deve cair, e a remuneração, ajustar-se ao piso constitucional de um salário mínimo (R$ 678)”, avaliou.

No Distrito Federal, o movimento de redução de empregos é claro. Em janeiro e fevereiro de 2013, a quantidade de domésticas no DF se manteve em 86 mil. Em 2006, havia 102 mil trabalhadoras, número que passou para 97 mil em 2007 e para 96 mil em 2008. O contingente voltou a subir em 2009, quando chegou a 99 mil, mas voltou a enfraquecer em 2010 (98 mil) e em 2011 (93 mil), chegando a 84 mil, no ano passado.

Para o técnico do IBGE Cimar Azeredo, no entanto, essas mudanças não podem ser atribuídas à regulamentação dos direitos da profissão, porque a última pesquisa de emprego é de fevereiro, ou seja, anterior à aprovação da chamada PEC das Domésticas. Ele argumenta que as transformações foram motivadas por aumento da escolaridade, mais opções de emprego e renda melhor. No entender de Adriana Beringuy, também do IBGE, nos últimos anos, as alterações foram constantes e estruturais. “As mulheres com mais idade e pouca estudo continuam nos lares. As mais jovens preferem trabalhar para uma empresa prestadora de serviços a permanecer dentro do domicílio”, afirma.

Retração
Embora a taxa de desemprego geral no país tenha ficado, em fevereiro, no menor patamar para o mês (inferior aos 5,7% do mesmo período de 2012), a contração da economia já mostra os efeitos. Enquanto a população ocupada (23 milhões) cresceu 1,6% em relação a fevereiro do ano passado, representando mais 362 mil ocupados, houve queda de 0,7% frente a janeiro de 2013.

A redução, segundo Adriana, demonstra a pouca capacidade do mercado para reter os trabalhadores temporários, o que decorre de uma geração menor de postos de trabalho, principalmente no comércio, que, em apenas um mês, dispensou 141 mil pessoas.

Arrumação na casa

Na avaliação de Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacinal do Comércio (CNC), o comportamento do comércio é sazonal. Nos dois primeiros meses de cada ano, um grande número de trabalhadores sempre fica sem ocupação. “Em 2011, o setor estava mais forte e não dispensou temporários. Agora, voltou à normalidade. O que não quer dizer que não vá contratar. O empresário, afinal, está mantendo o salário alto. Mas não há mais espaço para expansão significativa do emprego. Se o crescimento econômico chegar a 3% neste ano, vai ser possível conservar o mercado de trabalho estável”, ressaltou.

As informações são do Correio Braziliense

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