Poesias e outros escritos: Às professoras

Nos pés, uma sandália de couro misturada a poeira do chão duro, rachados pela seca.

A pele suja do barro vermelho, o sol queimando sua pele empoeirada…

O silêncio quebrado pelo som de suas pisadas…

Era só ela e suas pegadas….

Os galhos das árvores sacudidos…
Alguns abutres remexiam o lixo…
Bichos na mata…
A brisa de um vento quente…
Seus olhos moídos…

E ela seguia…
Seguia!

O som de suas pisadas firmes…
Ela continuava…

O suor escorria por sua pele, marcava suas roupas, sangrava suas coxas…

E ela…
Continuava… Firme seguia.

O sol, o barro, a pele salgada.
As rudezas da vida.
Muitas vezes não era bem entendida…

E ela seguia…
Seguia.

Tinha que continuar…
Seus passos a guiavam…

Suada, cansada…
Parava no meio do caminho.
Olhava ao redor…
Sozinha.

Não!
Tinha a si: a luz do sol.
Os batimentos de seu coração, o suor colando.
Abria a garrafa, lavava o rosto…
Abria a bolsa.
Um batom, um espelho…
Retoques…
Ainda sustentava uma beleza simbolica de sua natureza.

Seguia…

As costas pesavam…
Na bolsa cheia…
Livros, revistas, jornais.
Alguns sonhos…

Borboletas pousavam sobre seu braço…
Arrancado sorrisos…

Ela seguia…

” ‘Fessora’, a senhora tá linda com esse batom vermelho!”

Ao som dessa frase os olhos marejaram e sorriu.

Suas dores, suas coxas sujas de sangue, suas dores nas costas, seus pés calejados…
Já não mais eram sentidos.

Seu sonho era o bálsamo, combustível para seguir.

Madame Beauvoir

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